Há despedidas gélidas e insuportavelmente confrangedoras. Como a de Augusto Gama de técnico interino do Rio Ave.

Os vila-condenses chegaram ao terceiro jogo sem vencer desde a saída de José Gomes e continuam em queda livre na Liga. Pior, parecem ter perdido a verticalidade que os começava a caracterizar. Sob o olhar atento de Daniel Ramos, o Rio Ave apresentou-se como uma equipa em sofrimento e num estado de permanente ansiedade.

Por isso, ninguém que assistiu ao jogo e combateu o frio em Vila do Conde, estranhou a vitória do Moreirense. Mesmo quando os cónegos estavam em desvantagem, adivinhava-se que apenas um golo os catapultaria para a vitória. 

Dos primeiros vinte minutos e cinco minutos pouco há a contar. A formação de Ivo Vieira construía a partir do guarda-redes, procurava Chiquinho e Loum para depois lançar Arsénio e Bilel - os homens dos corredores que apoiavam Heriberto. O futebol mais rendilhado não se traduzia em situações para marcar. Por sua vez, o Rio Ave tinha poucas soluções ofensivas e recorria invariavelmente a lançamentos longos à procura de Galeno ou Vinícius.

Ficha e filme de jogo

Um pouco contra a corrente do jogo, o Rio Ave chegou à vantagem. Galeno correspondeu a um cruzamento de Coentrão e desviou para o interior da área. Os centrais cónegos foram atrapalhados por Jambor e Vinícius aproveitou para ficar solto e empurrar para o primeiro da noite.

O golo teve o condão de animar ligeiramente o jogo. Pouco depois do 14.º golo do avançado brasileiro, Heriberto ficou a centímetros do empate (36') e Bilel tentou igualar à bomba (41'). Quando os jogadores cónegos não erravam o alvo, surgia Leo Jardim a agigantar-se. Foi assim no tiraço de Fábio Pacheco (45').

Ao intervalo Ivo Vieira lançou Nenê e deixou Bilel no balneário, passando Heriberto para o corredor. esquerdo. Essa simples mudança do internacional sub-21 português foi uma das chaves para a reviravolta do Moreirense.

O avançado que pertence aos quadros do Benfica anotou os dois golos que deram a vitória ao Moreirense em três minutos (!). O primeiro golo nasceu de uma diagonal sensacional que deixou Nadjack e Leo fora do lance antes do pontapé certeiro (66') e, depois, tabelou com Chiquinho antes de rematar colocado (69'). A reviravolta, sublinhe-se, conferia justiça ao marcador.

Todavia, é importante referir que entre os 60 e os 65 minutos, o Rio Ave poderia ter traçado um desfecho diferente. Gabrielzinho viu-lhe ser anulado o 2-0 e Galeno errou por muito o chapéu. Como habitualmente se diz, quem não marca sofre.

A dez minutos do final Chiquinho viu a trave negar-lhe o 1-3. Os últimos minutos ficaram marcados por sucessivos lançamentos do Rio Ave para a área de Jhonatan, embora sem criar qualquer ocasião soberana para igualar.

O Moreirense parece estar obrigado a candidatar-se à Europa: ocupa o quinto posto com os mesmos 25 pontos que o Vitória de Guimarães. Já Daniel Ramos precisa de recuperar o que de bom o Rio Ave já fez este ano e inverter a quebra da equipa.