As notícias sobre a morte desportiva do Boavista revelaram-se manifestamente exageradas

«Fez-se justiça com a reintegração e o clube quis aproveitá-la ao máximo», aponta Litos, jogador do clube entre 1992 e 2001 (com passagens fugazes por Rio Ave e Estoril), capitão dos axadrezados na época do título, em declarações à Maisfutebol Total.

Mas como se chegou a esse aproveitamento, depois de tanto cair?

Terá sido um caso que comprova o ditado que nos diz que «devagar se vai ao longe». 

Mesmo quando o Boavista desceu da II Liga para a II Divisão B, houve sempre quem, no clube, acreditou que o regresso à Liga acabaria por suceder. Só não se sabia quando.

Enquanto se tentava resolver, caso a caso, os problemas de dívidas, atrasos e processos judiciais com antigos jogaores, Álvaro Braga Júnior, presidente da SAD, geria a estratégia para o regresso, tanto pela via judicial como desportiva.

E, de repente, tudo mudou

Consumada a reintegração, por decisão da Liga em abril de 2014 (dando seguimento a uma decisão do CJ de 21 de fevereiro do ano passado, que declarava prescrita a descida de divisão), tudo passou a ser mais fácil. Tendo em conta as dificuldades que o clube atravessou entre 2008 e 2014, menos complicadas pelo menos.

Os patrocínios da Sagres e da Mestre da Cor, que já existiam, foram reforçados perante a certeza da presença na Liga. Que abriu, também, a possibilidade de outros patrocínios, como a Errea (marca italiana de equipamentos, também «main sponsor») e também com a Mike Davis, a Delta e a Italgreen e a Global Stadium (marcas do sintético de geração avançada, instalado no Bessa).


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Com um orçamento para o plantel profissional que começou nos 1,5 milhões e andará agora pelos dois milhões de euros (ainda assim, um dos mais baixos da Liga e mais baixo de alguns da II Liga). A massa salarial dos jogadores é, em média, bastante baixa, quando comparada com outros plantéis da Liga. 

Os adeptos voltaram

Com o evoluir da época, foi crescendo no mundo boavisteiro a noção de que era possível a permanência. A média de espetadores no Bessa foi aumentando e chega a haver partidas (sem grandes) com mais de sete mil pessoas.

Com 30 mil associados, o número de pagantes, no entanto, baixou para cerca de seis mil, na fase de maior sombra.

Mas no último ano, com o aliciante do regresso à Liga, muitos estão a voltar, existindo uma campanha específica o clube para promover esse regresso e atrair novos sócios.

O regresso da formação 

O sintético, instalado no final de 2009, abriu caminho a uma nova etapa na recuperação do Boavista: o clube voltou a ter no Bessa toda a sua formação (cerca de 400 jovens) concentrada em «casa» e não espalhada pela Pasteleira e outros campos em zonas mais distantes do Bessa. 

Isso trouxe nova vida ao complexo do Bessa e ajudou a incutir uma crença de que era possível «renascer». 

Primeiro clube profissional a optar por essa solução para os jogos da equipa principal, o Boavista tem tido no seu Estádio do Bessa uma espécie de «show stadium» que desperta curiosidade em responsáveis de clubes nacionais e estrangeiros que estejam a estudar solução idêntica.