O Tondela garantiu a segunda vitória da temporada – a primeira foi no longínquo mês de agosto – e passa a somar oito pontos na tabela classificativa, a dois do Boavista e a cinco da Académica, a primeira equipa acima da linha de água. Triunfo providencial no reduto do Rio Ave (2-3).

Debaixo de chuva intensa, a equipa visitante demonstrou eficácia ofensiva e beneficiou da incapacidade vila-condense para concretizar oportunidades nas melhores fases do encontro.

Grande mérito de Petit, que coloca assim a sua nova equipa a morder os calcanhares à anterior. Numa jornada em que a linha de água subiu três pontos, face ao triunfo da Académica, o Tondela deu uma prova de vida. Com alguma polémica à mistura.

O Tondela começou melhor o encontro em Vila do Conde, é justo afirmá-lo. Determinado a rumar contra a maré, demonstrou uma garra típica das equipas orientadas por Petit e ganhou vários duelos nos primeiros 25/30 minutos, rondando a baliza de Cássio.

Não há propriamente um fio de jogo na equipa que segura a lanterna vermelha da Liga mas por vezes a força de vontade basta para disfarçar limitações e convulsões provocadas por sucessivas mudanças no comando técnico.

Em Vila do Conde, o Tondela esteve por duas vezes perto do golo na primeira meia-hora, enquanto os locais perdiam tempo e não demonstravam capacidade para impor o seu natural favoritismo.

Assim, Cássio viu-se obrigado a sacudir após cabeceamento de Nathan Júnior e Aníbal Capela surgiu no local certo para evitar o 0-1 (19m) após desvio de Dolly Menga ao segundo poste (22m).

Petit mexeu no Tondela, apresentou quatro caras novas – entre elas, o estreante Tikito, central francês - e procurou tirar proveito da maior frescura física. A pausa no campeonato favoreceu os visitantes, que estão afastados das outras competições, enquanto o Rio Ave jogou para a Taça da Liga a 29 de dezembro.

O efeito prometia não se prolongar no tempo, ainda assim. Após a meia-hora de jogo, o regressado Tarantini agitou a balança e fez pendê-la para o lado mais forte. Uma finalização de classe após belo movimento coletivo, por sinal.

Kayembe esticou o jogo na esquerda e atrasou para Wakaso. O médio, de pronto, levantou para Ukra, sobre a direita. O extremo tocou de primeira para Tarantini, este rodou na área e, entre três adversários, atirou tenso com o pé esquerdo.

O Rio Ave cresceu nesse período. Tornou-se avassalador até ao intervalo, aliás, e não chegou ao segundo golo porque Guedes decidiu mal num momento decisivo. Ao minuto 43, Tikito escorregou e deixou o avançado isolado. Mas este, à saída de Cláudio Ramos, tentou fintar o guarda-redes, que percebeu e manteve a diferença mínima.

Cláudio Ramos venceu outro duelo com o ponta-de-lança do Rio Ave após o reatamento, na sequência de um belo passe de Kayembe que deixou Guedes em excelente posição. Mais uma vez, sem eficácia na finalização.

A equipa da casa mostrou-se perdulária na sua melhor fase e o Tondela agradeceu. De forma inesperada e com dez jogadores em campo – Dolly Menga estava a receber assistência após lance com Edimar, que o árbitro mandou seguir -, a equipa visitante empatou por Jhon Murillo (57m). Brilhante assistência de Otoo, com um cruzamento rasteiro, encontrando o extremo cedido pelo Benfica em zona de finalização.

Pedro Martins sentia a ameaça de perda de pontos em casa e respondia de imediato com Yazalde. O avançado substituiu Renan Bressan – viu o quinto amarelo antes do intervalo, falhando dessa forma o embate com o FC Porto – e alargou a linha ofensiva para quatro.

Petit fez melhor. Acertou em cheio, aliás. Lançou Raphael Guzzo e Wagner, que viriam a construir o 1-2. Após falta não assinalada sobre Marcelo (erro claro do árbitro), o médio surgiu em zona frontal e disparou para defesa incompleta de Cássio. Na recarga, Wagner balançou as redes.

O público local nem queria acreditar. O pesadelo tornar-se-ia ainda mais evidente logo depois, quando Cássio falhou por completo a bola – após canto cobrado por Tinoco – e Nathan Júnior aproveitou para marcar o terceiro para o Tondela.

A reta final do encontro teve um ritmo alucinante. O caldo entornou após lance em que Ukra foi tocado por Luís Alberto na área mas tentou seguir com a bola e o árbitro não marcou grande penalidade. Irritado com esse e outros lances, o capitão Tarantini foi protestando com João Pinheiro e acabou por ver o cartão vermelho direto (79m).

O Rio Ave viria a dispor, já ao minuto 84, de um castigo máximo que Ukra não conseguiu converter em golo por mérito de Cláudio Ramos. Esse lance teve um caráter decisivo, já que Héldon, ao cair do pano, fez o 2-3 de cabeça e deixou os adeptos a suspirar por um empate. Seria pouco, ainda assim, em final de tarde pouco inspirado dos homens de Vila do Conde. O Tondela acredita.