Por Rui Paiva

Este sábado foi um jogo histórico nos Açores. O público regressou à bola para assistir a um empate a zero entre Santa Clara e Gil Vicente. Um jogo com uma primeira bem disputada e uma segunda frouxa, onde escassearam as oportunidades de golo.

Meia hora antes do início do encontro, o speaker avisou: «hoje é um dia especial», começou por dizer, recordando, em seguida, todas as normas de segurança: uso de máscara obrigatório e a exigência de distanciamento físico entre os adeptos. 

O Santa Clara-Gil Vicente foi o primeiro jogo profissional da época a realizar-se com público no estádio. Após meses arredados do cheiro da relva, devido à inevitável pandemia da covid-19, os adeptos puderam voltar ao estádio. Hoje a assistência máxima permitida era de mil pessoas, isto quando o estádio de São Miguel tem capacidade para cerca de dez mil. Os Açores serviram, assim, de ensaio para o regresso do público aos recintos desportivos.

Em vez o silêncio fúnebre que tem acompanhado a entrada das equipas em campo ao longo dos últimos meses, este sábado, as palmas dos adeptos ao ritmo do hino do Santa Clara deixaram os jogadores de sorriso estampado – seja os do Santa, seja os do Gil. No final de contas, todos nós estávamos desejosos de voltar a ver gente nas bancadas.

Dentro das quatro linhas, o jogo começou repartido, mas a primeira oportunidade de golo pertenceu ao Gil Vicente aos sete minutos. Aproveitando o espaço deixado pela linha defensiva do Santa Clara, Samuel Lino conduziu, assistiu Leauty que teve pontaria a mais e acertou na trave da baliza de Marco.

O jogo tornou-se intenso, repartido, com o Santa Clara com mais bola, mas com o Gil Vicente a apresentar um bloco compacto, que pressionava alto e criava muitas dificuldades à construção de jogo dos açorianos.

O Gil Vicente, mais perspicaz, volta e meia conseguia explorar o espaço deixado entre linhas. Aos 23 minutos, Leauty, aos 23 minutos, veloz por entre os centrais açorianos, voltou a ameaçar a baliza do Santa Clara com um remate rasteiro.

Com dificuldades na construção, o Santa Clara criou dois lances de perigo consecutivos através de bola parada. Aos 26 minutos, Salomão bateu o canto e Carlos Júnior cabeceou ao primeiro poste para uma grande defesa de Denis. Novo canto e outra vez os mesmos intervenientes num lance tirado a papel químico do anterior. Cabeçada forte de Carlos Júnior, nova defesa de Denis.

A equipa de Daniel Ramos começou a subir no terreno e acabaria por chegar ao golo aos 30 minutos, por intermédio de Carlos Júnior. Mas, no futebol moderno, é preciso esperar pelo VAR. A bola já estava no meio de terreno para reatar o encontro quando o árbitro anulou o golo por fora-de-jogo - por dez centímetros. Ouviram-se as queixas de desilusão nas bancadas.

A intensidade continuou a ser tónica dominante até ao fim da primeira parte, com ambas as equipas a não terem medo de assumir a posse de a bola e a demonstrar que queriam acabar o jogo com os três pontos no bolso.

O segundo tempo prometia, mas não cumpriu. A segunda parte voltou a ser equilibrada, mas a intensidade diminuiu. Ambas as equipas batalhavam a meio campo pela posse da bola. O Santa Clara assumiu mais a iniciativa de jogo, mas teve dificuldades em criar oportunidades de golo. Aos 73 minutos, numa das poucas vezes brechas da organização gilista, Santana, sempre inconformado na frente de ataque, rematou para uma defesa crucial de Denis.

Numa segunda parte sem grande história, o jogo perdeu qualidade. A intensidade manteve-se, mas sobretudo devido às faltas que provocaram várias paragens ao longo do segundo tempo.

Aos 85 minutos, depois de um livre direto Igor cabeceou forte, mas a bola passou a milímetros da baliza de Marco. Foi a melhor oportunidade do conjunto de Barcelos no segundo tempo. Ainda assim, o empate, por aquilo que as duas equipas fizeram, assenta bem no resultado final.