Rio Ave-Sporting, 1-3 (crónica)

Há um novo Sporting. Se dúvidas existissem quanto a isso, Vila do Conde serviu para dissipá-las. O leão de Keizer reinou nos Arcos, quebrou a invencibilidade caseira do Rio Ave e recuperou o segundo lugar da Liga, mantendo os dois pontos de distância para o líder FC Porto.

Há uma mudança de paradigma em Alvalade. Não se veem chutões, muito menos bolas despejadas para o ataque. Há uma ocupação racional do espaço, há a intenção de jogar de pé para pé e muita dinâmica. Os jogadores colocam uma intensidade enorme em cada lance, enfim, estão como que ligados à corrente em muitos momentos.

O lance do primeiro golo dos leões é sintomático. Coates bate rapidamente um livre nas imediações do meio-campo adversário, libertando para Bruno Fernandes. O médio combina com Nani e atira cruzado para o fundo baliza de Leo Jardim (8').

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A formação de José Gomes praticamente não sentiu o golo sofrido. Muito por culpa do pé esquerdo de João Schmidt. Quatro minutos depois, o médio vila-condenses assinou um golaço de livre direto e igualou a contenda. Este é o resumo de doze minutos eletrizantes.

Contudo, o golo não fez o leão tremer. A equipa de Keizer continuou a tricotar e as oportunidades surgiram quase em catadupa. Os jogadores do Sporting surgiram constantemente de frente para a linha adversário e com espaço e tempo para decidir. Bruno Fernandes, por exemplo, viu Leo Jardim evitar o bis (21’). No minuto imediatamente a seguir, o guarda-redes brasileiro voltou a destacar-se com uma parada sensacional a cabeçada de Diaby.

José Gomes disse na antevisão que não trocava Vinícius por Bas Dost. O holandês provavelmente ouviu-o e mostrou-lhe que estava enganado. No jogo 100 pelo Sporting, o avançado marcou num voo picado, antecipando-se a Buatu, após passe de Acuña. A vantagem ajustava-se em funçaõ do domínio do Sporting.

O trio de médios – Wendel, Gudelj e Bruno Fernandes – com Nani e Diaby em zonas interiores engoliu a organização do Rio Ave. Os vila-condenses recorreram inúmeras vezes a passes longos para Vinícius ou tentaram explorar a velocidade de Galeno. O jogador emprestado pelo FC Porto por pouco não fez o 2-2 num tiraço de fora da área (19').

Sem bola e com dificuldades para sair em contra-ataque perante a pressão quase asfixiante do Sporting, o Rio Ave sofreu. E só se sentiu verdadeiramente confortável no encontro na segunda parte quando os leões perderam algum fôlego.

Foi aí que o Rio Ave viveu o melhor período no jogo e apenas Renan evitou novo empate. O brasileiro travou de forma sensacional dois remates consecutivos de João Schmidt (65’) e manteve o Sporting na frente do marcador.

Entre o crescimento do adversário e o período de gestão que o Sporting tentou introduzir com bola, Bas Dost viu o árbitro anular-lhe o bis (47’). Coates também ficou perto de terminar com as esperanças do Rio Ave em empatar a partida (61’), mas o momento do jogo estava guardado para Jovane.

Poucos minutos depois de entrar em campo, o menino fez um golaço de pé esquerdo e carimbou a vitória do Sporting em Vila do Conde. O Rio Ave teve o mérito de não desistir e ainda ficou perto de reduzir por Coentrão, mas Renan agigantou-se uma vez mais e evitou o 3-2 (80’).

Depois do entusiasmo em Viseu e da tranquilidade en Baku, o Sporting conviveu bem com o ambiente difícil dos Arcos. Não se limitou a sobreviver, fez por continuar bem de saúde, o que mostra uma quebra completa com o passado recente.