André Carrillo, La Culebra, a espalhar veneno no Estádio do Bessa, frente a uma pantera enfraquecida. O Sporting resistiu ao frio, ao relvado artificial e a temível lesão de Nani. Grande resposta na etapa complementar, com três golos. Jonathan Silva marcou na própria baliza – mais um autogolo dos leões – sem prejudicar a sua equipa.

O Boavista, com três jogadores castigados num plantel sem grande profundidade, demonstrou incapacidade para manter o equilíbrio ao longo de todo o encontro. A formação axadrezada caiu na segunda metade e tem agora a pior defesa da Liga, a par do Penafiel.

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Carrillo, que saltou do banco para substituir Nani, marcou o primeiro golo e fez as assistências para os outros dois, apontados por Carlos Mané e João Mário. Boa vitória dos leões antes de Stamford Bridge.

O Boavista chegava a este duelo com várias baixas, na ressaca de uma viagem turbulenta à ilha da Madeira. A equipa de Petit sofreu uma goleada no reduto do Marítimo (3-0) e terminou o encontro com oito jogadores, face às expulsões de Mika, Beckeles e Philipe Sampaio.

Mamadou Ba assumiu a baliza axadrezada, João Dias e Fábio Ervões entraram para o reduto defensivo. Novos rostos, novos processos e naturais dificuldades perante um Sporting com dois homens nos flancos ofensivos e outros tantos a surgir na área.

Isto porque Marco Silva decidiu repetir a estratégia utilizada frente ao Vitória de Setúbal, com bons resultados. Fredy Montero e Islam Slimani voltaram a fazer dupla no ataque, com Nani e Carlos Mané nos flancos. Vários caminhos para o golo.

O treinador do Sporting, com a decisiva visita ao Chelsea no horizonte, não mexeu em demasia nas suas peças. Optou apenas por uma nova dupla de laterais, lançando o esperado Jonathan Silva (Jefferson não foi convocado) e a surpresa Miguel Lopes, com Cédrid a repousar no banco.

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A formação leonina começou desde logo a rondar a área do Boavista, onde chegava com relativa facilidade, mas sentia por outro lado dificuldades em ganhar duelos a meio-campo. As panteras afiavam garras na disputa de bola, com a combatividade reconhecida, e logravam incomodar o adversário.

William Carvalho errou vários passes nos primeiros 25 minutos, acusando a par de Adrien Silva a desvantagem numérica no centro do terreno. Porém, era o Sporting quem criava as melhores oportunidades de golo, que esteve perto de acontecer aos 17 (Montero) e aos 26 (Adrien).

À meia-hora chegou a má notícia da noite para o Sporting. Nani, em ambiente gélido e relvado artificial, sentiu uma dor muscular na coxa e pediu de imediato a substituição. Lance aparentemente normal, a hesitação na altura do remate, o sinal repentino para o banco. O extremo fica em dúvida para a Liga dos Campeões.

Marco Silva lançou André Carrillo, mantendo o esquema tático, e o peruano viria a ter um papel decisivo no encontro.

A cainho do intervalo, os leões viram ainda uma bola ser desviada pelo poste, após cabeceamento de Islam Slimani. Logo depois, Fredy Montero a atirar fora da área, ligeiramente ao lado. Oportunidades de sobra para justificar a vantagem no marcador.

Honra seja feita ao Boavista. Com evidentes dificuldades na construção do plantel para a época de regresso à Liga, a equipa axadrezada vai melhorando lentamente e apresentando argumentos para fugir aos últimos lugares. Criou até alguns lances de perigo, primeiro por Uchebo e sobretudo em lances de bola parada, mas sem a sensação de golo que rondou a outra baliza.

O Estádio do Bessa continuará a ser um terreno extremamente difícil para os adversários. Pela raça da formação local, pelo tapete artificial, pela força histórica do Boavista. Esta noite, também pelo frio que se fez sentir. Mas não foi o suficiente para travar André Carrillo.

No arranque da segunda metade, certamente com indicações claras de Marco Silva, o Sporting aumentou a pressão e os locais cederam.

Julian Montenegro, habitualmente extremo, sentiu dificuldades como lateral e não teve pernas para acompanhar o irrepreensível André Carrillo. La Culebra seguiu na diagonal para a baliza de Mamadou, após uma transição perfeita dos leões. Ataque do Boavista anulado, toque de Adrien para William, a grande abertura do médio e Carrilo a fazer o resto.

O Sporting descobriu o caminho para a felicidade ao minuto 53 e voltou rapidamente ao destino. De novo Andrés Carrillo, agora com uma finta soberba na área e assistência para Carlos Mané, que não desperdiçou.

Petit mexeu de imediato, procurando levar a sua equipa a relançar o encontro, mas Rui Patrício (no seu 300º jogo pelos leões) não fez grandes intervenções ao longo dos 90 minutos.

A equipa lisboeta aproveitou, por outro lado, os espaços para marcar o terceiro, na reta final do encontro. Carrillo – quem mais? – a transportar a bola e a servir João Mário para o 0-3. Triunfo convincente antes da cartada decisiva na Champions, apenas perturbando por mais um autogolo, desta vez de Jonathan Silva, a premiar a resistência axadrezada.