Há vida em Manta. Por um ponto, o oxigénio volta a escorrer nos pulmões feirenses e a alimentar o objetivo da permanência. Um ponto agónico, duríssimo, engatilhado num penálti transformado em golo por Edinho, quando o Santa Clara vencia 0-2. Daí em diante, sim, o Feirense teve alma, teve ambição, teve vida. 2-2 no final, acertadíssimo.

É justo começar precisamente por esse momento aos 59 minutos. Os açorianos venciam com conforto, mandavam no jogo e o Feirense aparentava uma falta de crença que indiciava o pior.

Quando Carlos Xistra vislumbrou uma falta na área do Santa Clara e Edinho partiu para a bola como só ele sabe – é deliciosa a forma como bate penáltis -, o Feirense respirou fundo, encheu o peito e foi atrás de um prejuízo que chegou a parecer irreparável.

FICHA DE JOGO DO FEIRENSE-SANTA CLARA: 2-2

Nesses 30 minutos finais, o Feirense evidenciou as principais características da equipa. Intensidade, pressão, exploração do jogo aéreo. Num desses passes longos, Fábio Cardoso facilitou muito a abordagem e José Valencia aproveitou as suas costas. Isolou-se e estreou-se a marcar esta época, em nome do pai, El Tren Valencia.

O 2-2 repunha a lógica no marcador, até porque o Santa Clara não tinha feito o suficiente para ter dois golos de vantagem à hora de jogo.

Os açorianos tinham sido sempre organizados, sim senhor, mas no plano ofensivo pouco ou nada tinham para mostrar. Excetuando os golos, naturalmente.

O primeiro em cima do intervalo, por Zé Manuel, até foi inicialmente invalidado pelo árbitro assistente. O VAR estava atento e repôs a justiça. Ah, já agora, a execução de Zé Manuel no chapéu a Bruno Brígido foi excelente.

O segundo, que na altura parecia aniquilar o Feirense, apareceu logo depois do descanso. Bruno Lamas, em pezinhos de lã, rematou à entrada da área e Brígido não fez o que devia. E podia.

O empate acaba por agradar mais aos visitantes, que jogaram muito com o relógio na fase final, mas mantém o Feirense próximo dos concorrentes diretos. A equipa não ganha desde a segunda jornada e isso é demasiado tempo, para qualquer equipa.

No entanto, pelo mostrado na última meia-hora, há vida em Manta. E nas suas tropas.