Três golos, três bolas ao ferro e mais três pontos amealhados. O Sp. Braga segue a sua rota, nem parecendo uma equipa a navegar em águas algo turbulentas. Numa semana atípica, em que teve o quarto treinador da época, os arsenalistas despacharam o Portimonense (3-1) dando mais um passo firme na luta pelo terceiro lugar.

Custódio estreou-se no comando técnico da equipa sucedendo a Rúben Amorim e não quis mexer muito na obra de arte que vinha a ser laborada, decalcando os traços do anterior técnico. Apresentou a mesma estrutura tática com três defesas, praticamente não mexendo na equipa base e deu seguimento à rota traçada.

O teste não foi exigente, um Portimonense moribundo que não vence desde novembro não deu grande réplica, e, assim sendo, um Sp. Braga sem precisar de altas rotações foi mais do que suficiente para dar conta do recado com Golos de Raúl Silva, Ricardo Horta e Trincão, este último com uma exibição muito conseguida a piscar o olho aos «culés».

Ou seja, uma nau que segue em águas agitadas mas que aproveita os ventos favoráveis para seguir a rota traçada.

Milha de avanço sem acelerar

É verdade que o Sp. Braga vinha de uma semana atípica após mudar pela terceira vez de treinador, mas a realidade mostra também um Sp. Braga em todos os capítulos superior a este Portimonense. A tabela classificativa indica isso, tal como o facto de a equipa bracarense ser a que está há mais tempo sem perder e a algarvia a que está há mais tempo sem ganhar.

Estes indicadores foram passados para o relvado e, mesmo sem acelerar muito, ao intervalo o Sp. Braga já tinha uma milha de avança sobre um Portimonense inoperante ofensivamente. O conjunto de Paulo Sérgio até tem trocas de bola interessantes, mas falta nervo no último terço do terreno.

Resultado: em velocidade de cruzeiro aos oito minutos o Sp. Braga já tinha atirado duas bolas com estrondo ao ferro. O primeiro remate ao poste foi de Ricardo Horta, tendo Paulinho atirado ao travessão pouco depois. Perante a ameaça, o golo bracarense chegou à passagem da meia hora com um brinde de Jadson, capitão do Portimonense.

Arriscou em demasia o central, Paulinho recuperou a bola e deu na medida certa para Trincão lançar o Sp. Braga para o triunfo numa fase em que o jogo parecia entrar numa aspirar de marasmo. No último minuto do primeiro tempo Raúl Silva abanou com as redes, mas apenas para lá da hora, com validação milimétrica do VAR.

Gestão ao sabor do vento

Se é que à entrada para o segundo tempo o Portimonense tinha alguma réstia de esperança na luta pelo resultado, depois de uma primeira metade sofrível, essa esperança caiu por terra logo nos instantes iniciais após o reatar do encontro. Ricardo Horta marcou logo aos dois minutos, em mais um lance com a envolvência de Trincão, e pôs um ponto final na história.

O jogo perdeu interesse dada a desigualdade em campo. A nau bracarense entrou em gestão e deixou-se levar ao sabor do vento, vento de bonança que indica sete pontos, à condição, de superioridade para o Sporting, quarto da tabela classificativa. É caso para dizer que muda o timoneiro mas não a rota, parecendo a nau destinada a chegar a bom porto.

Em contraponto, o Portimonense teve na entrada de Vaz Tê um ar trémulo da sua graça e de pouco valeu o golo de Aylton Boa morte nos descontos. Paulo Sérgio ainda não venceu e os algarvios somam apenas um triunfo nas últimas 21 jornadas. Não vencem fora há sete meses, ainda não ganharam em 2020 e desde novembro não sabe o que é vencer. Pode ver os lugares acima da linha de água distanciarem-se para nove pontos. Uma embarcação à deriva portanto.

Cenários distintos em contraponto no jogo de abertura da jornada 24 da Liga. O Sp. Braga mantém a sua curva ascendente, o Portimonense permanece em maré descendente com uma ameaça de descida com contornos cada vez mais reais.