Leia aqui tudo sobre a festa do título 

Azul intenso. Azul vivo, berrante. Azul de festa. O FC Porto é campeão nacional e o jogo da consagração foi mais um degrau ultrapassado com o estofo dos campeões. Vitória por 2-1, justa, trabalhada, nada facilitada. A festa parou para que se jogasse à bola e o resultado final atesta-o. Os festejos que começaram no sábado prolongaram-se pelo dia e os 90 minutos do duelo serviram como cereja ao Dragão faminto.

Abordando o jogo como se fosse decisivo, afinal foi essa a preparação que foi feita ao longo da semana, Sérgio Conceição apostou no onze esperado e a equipa respondeu presente. O Feirense, por seu lado, fez o papel que lhe competia. Precisa de pontos, o palco não era dos melhores para o conseguir, mas não custa tentar. E tentaram, percebeu-se cedo.

O melhor elogio que se pode fazer à vitória portista é que a réplica dada obrigou o novo campeão a pousar o fato de gala por hora e meia, mesmo que nas bancadas a vontade fosse fazer do jogo, também, uma festa. Não foi. Foi disputado, intenso, agradável de seguir. O ritmo foi pautado pelo Dragão, como seria de esperar, mas a resposta do Feirense, montado num 4-2-3-1 bem disposto pelo relvado, obrigou, então, a trabalhar muito.

As melhores oportunidades, diga-se, foram do FC Porto, mas o Feirense até assustou cedo. Crivellaro tentou o chapéu a Casillas, no que seria um dos golos da época. Errou por centímetros. Os suficientes para a bola beijar o travessão e sair por cima. O lance, que aconteceu depois de Soares ter atirado ao lado no primeiro sinal azul e branco e depois de Sérgio Oliveira ter ficado muito perto de replicar o golo que fez em Chaves, não assustou em demasia o FC Porto. Havia respeito e atitude. Uma constante ao longo da época, de resto.

Com Otávio desligado, as bancadas pediam Brahimi e o argelino apareceu, mas, na primeira parte, só a espaços. Antes do golo, até, a mais flagrante ocasião teve protagonista improvável: Reyes. O substituto do castigado Felipe atirou à trave após centro de Alex Telles. Estávamos no minuto 22. Foi preciso esperar mais um quarto de hora para o golo.

A combinação entre Marega e Ricardo é excelente, o português resistiu à tentação de cair para tentar o penálti, aguentou de pé e cruzou atrasado, rasteiro. O corte foi deficiente e Sérgio Oliveira dominou e fuzilou. No jogo do título, surgia um dos homens da confiança de Sérgio Conceição e uma das figuras improváveis da época azul e branca. Faz sentido. E a festa do português só não foi maior porque, já no segundo tempo, errou o cabeceamento em excelente posição. Seria o bis.

Por essa altura, convém lembrar, já Conceição lançara Hernâni no lugar de Otávio. Pouco depois mexeu no centro do ataque: Soares por Aboubakar. Estava em campo há três minutos quando teve um passe genial para Brahimi. Melhor, aliás, só o que o argelino fez com a bola que lhe chegou. Aproveitando o passe picado, colocou também ele por cima de Flávio Ramos e rematou de pronto para o momento alto da noite. Mais um momento brilhante para o vídeo de carreira.

O 2-0 deixou o Dragão ainda mais azul e a festa propagava-se a ritmo viral. Cantava-se pelos jogadores, pedia-se mais e mais. Não era para Reyes, traído por lesão após esforço a travar um contra-ataque. Sem centrais no banco, Conceição lançou Óliver e Herrera acabou a fazer dupla com Marcano.

Ainda houve, quase, uma grande penalidade, num lance de falta clara de Briseño sobre Hernâni. Luís Godinho apitou, apontou para a marca do penálti mas foi alertado pelo vídeo-árbitro: poderia ser fora. O lance é difícil, benefício da dúvida ao árbitro que emendou e marcou livre.

A réplica do Feirense, já destacada nesta crónica, teve o prémio nos descontos, com o golo de Valencia, uma das opções lançadas por Nuno Manta no decorrer do encontro. O 2-1 é, provavelmente, o resultado certo e o Feirense vai discutir a manutenção, em casa, na próxima semana.

Para o FC Porto, que ainda vai a tempo de atingir o recorde de pontos numa época se vencer em Guimarães, a fechar, foi mais do que suficiente, como é óbvio. Nada estragava a euforia que se vive por estes lados. 

A festa dura e dura. O azul continua intenso. É azul de festa, aquele que os dragões mais gostam.