O Boavista levou o jogo dos Arcos para onde quis e o Rio Ave não encontrou o caminho da saída. Depois de defender bem – e pouco produzir no ataque -, os axadrezados de Vasco Seabra soltaram-se com a entrada de Alberth Elis e tiveram a vitória na mão aos 84 minutos: o diabo hondurenho fugiu na direita, cruzou para Nuno Santos e o inacreditável aconteceu. Com a baliza à mercê, o médio atirou para defesa de Kieszek.

O castigo seria demasiado pesado para o Rio Ave, é bom sublinhar isso. Os vilacondenses atacaram mais, tiveram três boas oportunidades para marcar, foram senhores da iniciativa de jogo mas, com o passar dos minutos, passaram a baixar o ritmo, a decidir mal e a dar espaços para as transições do Boavista.

Daí a ideia inicial: Vasco Seabra desenhou o jogo e conseguiu levá-lo para onde queria. Preferiu confortar a equipa num bloco baixo, dar a bola ao Rio Ave e adiar o mais possível qualquer constrangimento, acreditando que a agressividade e a velocidade de Elis fariam estragos na fase final.

FICHA DE JOGO, VÍDEOS E NOTAS

Vasco assim o pensou e melhor o fez. Na teoria, pouco a apontar. Na prática? Ficamos com a sensação que o Boavista tem executantes de nível semelhante aos do Rio Ave e que podia ter dado mais ao jogo em termos de volume ofensivo.

Até esse escandaloso falhanço de Nuno Santos – leram bem, E-S-C-A-N-D-A-L-O-S-O -, o Boavista registava um remate perigoso de Gustavo Sauer, umas aproximações por Yusupha e Angel Gomes e pouco mais. Por falar em Angel, vale a pena dizer que não teve bola, muito menos influência no desenrolar do jogo.

O que faltou, então, ao Rio Ave para ganhar este jogo? Acerto em três finalizações – cabeceamento de Carlos Mané, pontapé à meia volta de Gelson Dala e remate de Filipe Augusto ainda a beijar a barra, tudo antes do intervalo – e depois uma estabilidade maior na tomada de decisão. Os rioavistas tornaram-se previsíveis, baixaram o ritmo e convidaram o Boavista ao tal assalto final.

O empate não pode agradar a ninguém, pois estes coletivos valem mais do que têm mostrado. O Rio Ave salta para os 11 pontos, o Boavista para os oito. Os axadrezados talvez regressem mais animados à Invicta, pois cumpriram à risca o plano de jogo e estiveram a um remate do triunfo.

É o que se pode arranjar como consolo para um clássico nortenho com tanta história.