A tranquilidade classificativa oferece às equipas a possibilidade de encararem os desafios sem medo de errar, sem amaras e sem a pressão inerente ao resultado. Dessa forma, os intervenientes expõem a sua qualidade naturalmente e o espetáculo beneficia, de sobremaneira.

Foi o que aconteceu no jogo entre Tondela e Portimonense, duas equipas em lugares confortáveis no campeonato. Quatro golos, um número infindável de oportunidades, com a vitória a poder pender para qualquer lado. Em suma, um espetáculo agradável de seguir.

Os algarvios vivem um dos melhores momentos da época – três jogos sem perder – e entraram melhor na partida. Donos e senhores da posse de bola, criaram a primeira grande situação de perigo da partida, por intermédio de Rúben Fernandes, mas o cabeceamento saiu longo do alvo (7’).

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O susto provocado pela equipa de Vítor Oliveira espevitou o Tondela que abandonou a postura expetante e o futebol de transições. A primeira jogada construída no meio-campo adversário por pouco não se traduziu em vantagem no marcador. Contudo, Tyler Boyd desperdiçou o excelente cruzamento de Joãozinho. Ainda assim, ficava o aviso do avançado neozelandês.

O jogo estava vivo e não raras vezes, partido. Havia muito espaço para jogar e sobretudo para pensar. Acabou por ser o Portimonense a beneficiar, numa primeira instância, do espaço existente. Wellington Carvalho arrancou, ultrapassou vários adversários, mas acabou desarmado. Galeno recolheu rapidamente a bola e isolou Ewerton que, na cara de Cláudio Ramos, teve o discernimento necessário para inaugurar o marcador.

Quatro minutos, foi o tempo que a formação beirã demorou para relançar a discussão relativa ao vencedor, na marcação de uma bola parada. O canto cobrado por Miguel Cardoso encontrou Bruno Monteiro solto de marcação na zona do primeiro poste. O cabeceamento irrepreensível só parou no fundo da baliza do Portimonense.

A igualdade ajustava-se face ao que os dois emblemas produziam. A partida viveu um período de estranha acalmia junto às balizas. Lutou-se muito, enfim, o jogo ganhou contornos quezilentos. Porém, no meio do futebol de combate Miguel Cardoso encontrou lucidez para combinar com Tomané e ganhar espaço junto à linha final. Tyler Boyd libertou-se de Rafa Soares e de Rùben Fernandes para desviar para o 2-1. Reviravolta no marcador num quarto de hora.

Entre o primeiro e segundo golos tondelenses, o Portimonense ainda dispôs de uma excelente ocasião para marcar. O livre de Rafa Soares tirou tinta ao poste da baliza de Cláudio Ramos.

A segunda parte teve uma face diferente. O Portimonense apresentou-se melhor e foi mais constante e regular durante a maior parte do tempo. Conseguiu a igualdade e poderia ter mesmo operado nova cambalhota no marcador.

Mas já lá vamos. O Tondela aproveitou uma má abordagem da defesa do Portimonense para criar a primeira e única situação de golo em toda a etapa complementar. Miguel Cardoso, o homem das assistências esta tarde, desperdiçou na cara de Ricardo Ferreira (48’). Pouco depois, Ricardo Costa cabeceou ao lado, após cruzamento de Tomané (51’). Foi o canto do cisne do Tondela em termos ofensivos.

A formação de Pepa não marcou e viu o Portimonense empatar. O corte imperfeito da defesa beirã permitiu o remate de Pires para boa defesa de Cláudio Ramos. Na recarga, Wellington Carvalho assinou o dois igual.

O recuo do Tondela foi perigoso, sobretudo, tendo em conta a qualidade ofensiva da equipa de Vítor Oliveira. Pires, por duas vezes (71’ e 78’), não conseguiu ser o herói algarvio pela segunda semana seguida e, depois, Wellington tentou à bomba o bis, mas Cláudio Ramos opôs-se com eficácia.

O resultado aceita-se, embora o Portimonense tenha feito mais – na etapa complementar – por sair do Estádio João Cardoso no sétimo lugar. Tondela permanece tranquilo, com 31 pontos na 12.ª posição, pese embora o ciclo de quatro jogos sem vencer. Confortável está também o Portimonense que ainda espreita entrar nos oito primeiros.