Um ponto, duas versões. A do Rio Ave é de encanto, começa na Mata Real e pode acabar num lugar da Liga Europa. O quinto lugar está garantido e agora resta aos vilacondenses torcer pelo Sporting na final do Jamor.

A do Paços continua ensombrada pelo fantasma da descida. Os 30 pontos não garantem absolutamente nada e a visita a Portimão, na última ronda, será dramática. Para o bem ou para o mal.

Um ponto, duas versões. A do Paços começaria com algo a oscilar entre o medo de perder e a incapacidade de incomodar. Equipa muito retraída até ao intervalo, com preocupantes períodos de desorganização, incapaz de bloquear a mais do que reconhecida circulação e posse do Rio Ave.

FICHA DE JOGO DO PAÇOS-RIO AVE: 0-0

Depois, a mesma versão passaria por uma conversa no balneário, possivelmente construtiva, e viria para a segunda parte mais viva e ambiciosa. Nos pés de Luiz Phellype chegou a pairar o grito do golo, mas o VAR confirmou bem a decisão do assistente Nuno Eiras e o Paços ficou mudo e quedo.

A equipa de João Henriques pressionou mais alto, percebeu que o Rio Ave gosta de parar e pensar, cobriu melhor todos os setores, mas só num pontapé de Mabil e num cabeceamento de Ricardo – já nos descontos e com defesa decisiva de Cássio - andou, de facto, perto do ansiado e tão necessário golo.

Ao ponto do Paços faltou, acima de tudo, qualidade. Mais qualidade, pelo menos. Principalmente pelo que a equipa não soube fazer nos primeiros 45 minutos. Ao intervalo, veja-se bem, o Rio Ave passeava 70 por cento de posse de bola e uma qualidade (lá está) de processo infinitamente superior.

DESTAQUES DO JOGO: Pelé, senhor jogador

Um ponto, duas versões. A do Rio Ave é mesmo essa, a da adoração do processo criador de Miguel Cardoso. Até ao intervalo, a ideia rioavista poucos sobressaltos sofreu. Com o Paços encolhido e a permitir tudo à primeira fase de construção (Pelé e Tarantini executaram como quiseram), as jogadas bem construídas sucederam-se e a vantagem seria um prémio mais do que justo.

Apesar do crescimento pacense no segundo tempo, o Rio Ave chegou ao fim a festejar o quinto lugar (e a possível vaga na UEFA), principalmente por ser nos dias que correm uma equipa que sabe perfeitamente o que quer em campo. Ao contrário de um Paços soluçante vezes a mais.

Um ponto escasso para uns, desconsolado, e tão importante para outros. É a magia da bola.