Ao fim de mais de dezassete meses sem a presença de adeptos nas bancadas, está de regresso o futebol da Liga portuguesa aos Barreiros com um ambiente que já fazia falta. Na Madeira, os adeptos voltaram a comparecer para dar o colorido ao jogo, no arranque do escalão maior do futebol nacional, e logo com um encontro que prometia, entre um Braga habituado a boas campanhas e um Marítimo que tem vindo a investir para inverter o ciclo das últimas temporadas. Um jogo que fica definitivamente marcado por um golaço de Ricardo Horta que anulou por completo a boa reação dos madeirenses ao primeiro golo de Raúl Silva.

Começou melhor a equipa minhota, com muita posse de bola e olhos na frente. O primeiro grande sinal de perigo apareceu aos 8 minutos, um remate cheio de intenção de Ricardo Horta, que não passou muito longe da baliza. Um par de minutos depois, o perigo voltou a rondar, mas Zainadine tirou o pão da boca a Mario Gonzalez.

O jogo estava duro, com várias faltas para cada lado. E a contrariedade chegou aos 18 minutos, para o Marítimo, obrigado a substituir Joel Tagueu, lesionado após um choque com um adversário. Para o seu lugar entrou Ali Alipour, avançado que vinha aproveitando a pré-época para mostrar veia goleadora.

Mas nem dois minutos depois, foi à porta dos bracarenses que o azar foi bater, forçando Carvalhal a tirar Sequeira, para dar lugar a Tiago Esgaio.

Aos 28 minutos, o Marítimo, que estava a crescer no jogo e a aproximar-se da baliza bracarense, conquistou um livre perigoso. Bem à medida de Edgar Costa, o capitão madeirense atirou com perigo para as redes de Matheus, passando apenas ligeiramente ao lado do poste.

Os verde-rubros percebiam as dinâmicas do Braga e, assim, a equipa insular ia melhorando e equilibrando o encontro, chegando mesmo a estar por cima e assustar o adversário durante os minutos finais da primeira parte.

Em cima do intervalo, Raul Silva subiu para cabecear na resposta a um pontapé de canto, mas valeram as mãos de Miguel Silva, que estava no enfiamento da jogada. A reação surgiu pela esquerda do ataque insular, conduzida por Vidigal, que deixou para Alipour, mas o iraniano falhou na altura do último passe. Terminava, pouco depois, uma primeira parte com futebol por vezes duro, uma substituição forçada para cada lado, mas poucas oportunidades claras para inaugurar o marcador.

No regresso para a segunda parte, mantinha-se a toada: um jogo intenso, com mais posse para o Braga, mas com o Marítimo a espreitar o perigo. Não durou muito tempo, porém, até que os arsenalistas voltassem a assumir as rédeas do encontro.

Aos 60 minutos, uma bola lançada por Galeno para Mario Gonzalez podia ter dado no primeiro golo, mas o remate saiu direcionado para a figura de Miguel Silva, que segurou à segunda tentativa. Tratar-se-ia, porém, de uma espécie de ensaio para o tento que chegaria no minuto seguinte, quando Raul Silva respondeu a emendar um desvio na sequência de um pontapé de canto.

Em desvantagem, reagiu bem o Marítimo, com jogada conduzida por André Vidigal, que chegou quase até à linha de fundo antes de cruzar rasteiro para a entrada de Xadas, mas valeu um corte da defensiva bracarense.

Apesar da boa reação, o segundo golo da partida voltou a ser bracarense. Na cobrança de um livre frontal, Ricardo Horta assinou um golo de belo efeito, metendo a bola onde quis e deixando Miguel Silva sem reação.

Um murro no estômago para o Marítimo, que até tinha mais posse de bola no segundo tempo e mostrava intenção de fazer pelo resultado, e até reagira bem à desvantagem do 1-0. A partir daí, os madeirenses mostravam algum desgaste e incapacidade para manter a posse de bola, dando oportunidade para que o Braga pudesse controlar e subir no terreno, em busca do terceiro golo.

Apesar de tudo, e sem mais incidências de registo, perdurou o resultado até ao apito final, permitindo uma entrada positiva da equipa de Carlos Carvalhal, embora com arestas por limar. Do lado contrário, o Marítimo averbou o segundo desaire em outros tantos jogos oficiais, depois da derrota caseira frente ao Boavista para a Taça da Liga. Indicadores favoráveis para a equipa de Julio Velázquez, sim, mas ainda com algum trabalho pela frente para afinar o andamento.