Sorte ou eficácia? Olhar para o copo meio cheio ou meio vazio? Desta dicotomia resultará a análise mais correta a esta vitória do Penafiel em Arouca, num jogo que correu muito bem aos visitantes, cedo em vantagem no marcador, e em que o Arouca não disfarçou que passa um momento menos bom. Acabou por valer o golo de Capela, num dos dois remates à baliza que o Penafiel fez no jogo. O outro foi à trave. Ajuda a decidir a questão inicial?
 
A verdade é que a sorte explica pouca coisa no futebol e mesmo que o Penafiel tenha jogado a maior parte do tempo remetido ao seu meio campo, é preciso recordar que a equipa de Rui Quinta chegou a este jogo no último lugar da tabela, agora entregue ao Gil Vicente. A vitória põe, ainda, fim a um ciclo negro de cinco derrotas seguidas.
 
O primeiro tempo, é preciso dizê-lo, foi chato. Não fosse o golo, caído do céu aos 12 minutos, e pouco havia para contar de uma metade em que o Arouca queria e não conseguia e o Penafiel conseguia o que queria. No caso, sair em vantagem para o intervalo.

FICHA DE JOGO
 
Valeu, então, a ação do médio Capela na área, numa bola que ali pingou e que este, à meia volta, meteu na baliza. Remate indefensável. O primeiro e único do Penafiel em 45 minutos.
 
O resultado castigava, assim, a equipa que, na teoria, mais devia fazer pelo jogo. Afinal, o Arouca jogava em casa e estava à frente do rival na tabela. Não muito, porque o tempo também não é tranquilo para Pedro Emanuel. Mas o suficiente para se exigir mais.
 
A pouca inspiração seria para ficar no balneário. Era a receita que o técnico da casa procurava e, também por isso, nem mexeu na equipa. Insistiu nos mesmos à espera que algo mudasse. E mudou. Não para muito melhor, mas para mais do que a sensaborona primeira metade.
 
Mas o melhor período do Arouca no jogo chegou, apenas, depois de um valente susto, quando Vítor Bruno, num contra-ataque bem desenhado por Mbala e João Martins, atirou à trave. Seria o segundo e, por ventura, o golpe de misericórdia nos da casa.
 
O lance teve o condão de despertar o Arouca que, finalmente, criou perigo a sério. Haghighi travou um remate venenoso de David Simão, já na área. Tony evitou que uma emenda falhada de Roberto desse em golo e, pouco depois, o mesmo Roberto atirou ao lado, ainda de fora da área. Sinais.
 
O Penafiel, esse, cada vez ficava mais encolhido no seu meio campo, mesmo que Rui Quinta tivesse refrescado o ataque, com Aldair, e o miolo, com Romeu Ribeiro. A última substituição, feita ainda antes de o Arouca fazer a primeira, foi meio forçada. Tony viu vermelho direto por entrada dura sobre Artur e o técnico duriense viu-se obrigado a recompor a defesa, lançando Dani.

Faltavam 20 minutos para o final. Tempo para o empate? Nem perto. O melhor período local já lá ia e a pressão não teve qualquer efeito, porque o Penafiel deu-se bem com o papel que lhe estava destinado.
 
Aumenta, assim, a crise em Arouca: já são sete jogos sem vencer. O desaire com o, outrora, último, deixa a zona de descida mais perto. Não haverá aqui só azar, mesmo que se queira ver o copo meio cheio.