Em dois minutos, o FC Porto virou a mesa ao contrário, disse um palavrão e colocou o visitante atrevido no lugar. O Dragão voltou a ser seu a partir dos 60 minutos, depois de uma hora a ser desrespeitado pelo convidado algarvio. Vitória justa do campeão nacional, sim senhor, mas com muito para contar.
O Portimonense marcou primeiro, após delicioso passe de Nakajima para Tormena, e aproveitou o conforto excessivo que se apoderou dos dragões, talvez ainda a lamberem as feridas e a contarem as medalhas e cicatrizes herdadas do Bessa.
O que é mais surpreendente é que o Portimonense marcou aí, por volta dos 10 minutos, porque estava a ser melhor. E assim continuou durante longos minutos.
FICHA DE JOGO E O FILME DA PARTIDA
Jogo desenfreado, ritmo kamikaze, mudanças bruscas de ritmo, balizas em permanente desassossego. Num e noutro lado, até aos tais 60 minutos. Com um extraordinário Jackson Martinez e um diabólico Nakajima a aproveitarem todas as transições, o Portimonense não foi em nada inferior ao FC Porto até ao 3-1.
Os dragões atacavam mal, pelo menos na definição, e consentiam ao Portimonense um estatuto de descaramento raras vezes visto. Na casa azul e branco, a equipa de António Folha abriu o frigorífico, desarrumou a sala e íamos jurar que chegou a espreitar o quarto de dormir.
Ora, perante esta afronta, o FC Porto protestou um golo anulado a Brahimi (por posição irregular de Soares), chegou ao empate num belo cabeceamento de Marega e desperdiçou mais uma mão cheia de oportunidades de golo até ao intervalo.
Significa isto que o Porto estava bem? Não, longe disso. Porquê? Continuou a permitir que o Portimonense saísse sempre a jogar sem pressão, a chegar a zonas de finalização e a fazer tremer os pilares da estrutura azul e branca.
O FC Porto estava tão aflito que Sérgio Conceição trocou Óliver por Herrera ainda antes dos 45 minutos. Não porque o espanhol estivesse a ser o pior, porque não estava. Por essa altura, Otávio, Danilo, e todos os defesas estavam em claro sub-rendimento.
O início da segunda parte não foi muito diferente. O Portimonense a ser capaz de fazer chegar a bola onde queria (Nakajima e Paulinho) e um FC Porto muito instável, não tomando para si um território que é seu.
Iker Casillas ainda fez duas grandes defesas (Jackson e Dener), as bancadas sofreram a bom sofrer, mas depois, lá está, chegou o momento com que abrimos a crónica.
OS DESTAQUES: os golos de Marega e o génio de Nakajima
Incomodado e tomado de assalto por um empertigado Portimonense, que por volta dos 55 minutos já se esticava e punha os pés em cima da mesa, o FC Porto levantou-se e deu dois socos certeiros.
Primeiro num passe de Marega para Soares encostar e depois num contra-ataque conduzido por Danilo e finalizado pela genialidade de Brahimi. Pouco depois, o 4-1, obra e graça do senhor Moussa Marega.
Para quem esteve no Dragão, fica a impressão de que o FC Porto reagiu mal ao sistema de cinco defesas do Portimonense e à velocidade de execução da asa esquerda algarvia (Manafá e Nakajima). Obrigado a reagir rapidamente a constantes perdas de bola, a equipa de Conceição baixou os índices de confiança e errou passes e movimentos que normalmente não erra.
A última meia-hora, provavelmente a que fica, sugere uma noite de facilidades. Mentira, ilusão, injustiça para o Portimonense. O Dragão acabou nas mãos do seu legítimo e legal proprietário, mas foi largos minutos vandalizado por um futebol de excelência do visitante de Portimão.
Seja como for, aí está a 11º vitória consecutiva do FC Porto. Um recorde na era-Conceição e um registo que só encontra paralelo na época 2010/11 de André Villas-Boas.