Um golo e um ponto para cada lado na noite fria do Bessa. No jogo 200 como treinador de Petit, Boavista e Tondela empataram ao fechar a primeira volta da Liga.

O reencontro dos beirões com o seu ex-técnico bem podia ser uma homenagem ao velho estilo de jogo que era aplicado noutros tempos quando o antigo internacional português se começou a sentar no banco como técnico.

Jogar fechadinhos lá atrás, aproveitar o contra-ataque, mais vale um pontinho no bolso e tentar o contragolpe? Bem, tudo isso em tempos foram armas tradicionalmente usadas por Petit. Se foi homenagem, Pako Ayestarán quase a consumou em pleno, não fosse um golo de De Santis aos 88 minutos resgatar alguma justiça no marcador.

Desengane-se, porém, quem ainda cola a imagem do novo treinador dos axadrezados a jogar na «retranca», no ferrolho ou como lhe quiserem chamar. Este Boavista de Petit é uma equipa que toma a iniciativa de jogo. Esta noite dominou-o quase em pleno.

Mantendo o 3-4-3 do início da época, Nathan e Hamache dão largura ao jogo e na frente Sauer, Musa e Ntep são um tridente bastante competente.

O Tondela num 4-2-3-1 órfão da velocidade de Murillo, que saiu esta semana para o futebol mexicano, conseguiu criar perigo nos primeiros 45 minutos através de uma arrancada de Salvador Agra, que correu mais de meio campo e serviu Rafael Barbosa para um remate a rasar o poste. Estes dois em particular e Dadashov a espaços colocaram por vezes o adversário em sentido.

De resto, foi sobretudo o Boavista a tentar encontrar caminhos para a baliza de Trigueira.

A equipa da casa não só não marcou até ao interavalo, como ainda perdeu Tiago Ilori, por lesão, o que levou Petit arriscar e fazer várias adaptações na segunda parte. A cada substituição o Boavista mexeu na estrutura: começou a segunda parte num 4-2-3-1, passou para um 4-3-3 e finalmente para 4-4-2.

Tudo em pouco mais de 20 minutos, antes de o Tondela desferir um golpe letal. Num contra-ataque e por Salvador Agra, pois claro. O extremo sentou Cannon e rematou para o golo que, contra a corrente do jogo, colocou os beirões em vantagem.

Castigo demasiado duro para um Boavista que dominou a maior parte do jogo, que rematou quase três vezes mais (14-5) e teve mais posse de bola (60%-40%).

A pena imposta por Salvador haveria de ser mitigada quase em cima do final. De Santis (da casa) fez o pequeno milagre de desviar para o fundo da baliza uma bola que parecia não querer entrar, salvando a face das panteras, que já nos momentos finais haveriam ainda de tentar a reviravolta, sem sucesso.

O Boavista evitou a ultrapassagem do Tondela, que continua a um ponto e apanha provisoriamente Paços e Marítimo a meio da tabela.

O Tondela superou uma semana difícil, novamente marcada por casos de covid (que afetou também Porozo no Bessa). Do lado dos axadrezados, Petit não merecia perder num dia histórico para a sua carreira.

Este Boavista com o seu cunho tem outro fôlego. Desde que o homem da casa assumiu o comando, a equipa subiu de rendimento e perdeu apenas um jogo em seis, em casa do campeão Sporting.