Uma reviravolta, uma vitória e no meio uma história que conta outra coisa, outras coisas. A crónica de um Benfica-Portimonense que terminou com um 2-1 providencial para as águias, um triunfo a repartir com os céus, a sorte e, por fim, o vídeoárbitro (VAR). Que deixa o Benfica a festejar um bom resultado, excelente para o que foi o jogo, mas não esconde as limitações que a equipa deixou à vista. Ao Portimonense calhou a fava. Foi competente, marcou primeiro, sofreu o empate de penálti, viu André Almeida inventar uma improbabilidade e, por fim, teve um golo invalidado com recurso à revisão das imagens.

Rui Vitória fez três alterações no onze, uma delas forçada, pela lesão de Jardel, rendido por Lisandro. De resto entrou Samaris, que ainda não tinha jogado esta época por castigo, em vez de Filipe Augusto, e Zivkovic, com Rafa no banco.

Não foi uma receita de sucesso imediato, bem longe disso. Depois dos primeiros pontos perdidos em Vila do Conde e de o Sporting ter aberto a ronda com uma vitória no limite em casa do Feirense, o Benfica tinha toda a pressão de que precisava, mas não a levou para o campo. O que se viu foi um Benfica que demorava a construir e mostrava dificuldades nas ligações, com muitas bolas perdidas no meio-campo. Com alguns dos jogadores que costumam fazer a diferença em sub-rendimento e curto de ideias.

Do outro lado estava um Portimonense que, mesmo com uma adaptação no lado esquerdo da defesa, se apresentou antes de mais competente. Focado cá atrás, eficaz no meio-campo e rápido no contra-ataque quando recuperava uma bola, assente na velocidade de Nakajima e de Wellington.

A primeira parte foi correndo sem deixar grandes recordações, ainda assim com algumas oportunidades. Para um lado e para o outro, a destacar uma de Jonas muito perto e outra de Wellington a obrigar Bruno Varela a uma defesa difícil.

Ao intervalo, Rui Vitória deixou Cervi no banco e fez entrar Salvio. Uma alteração também no Portimonense, com a saída de Ewerton, para entrar Dener.

O Benfica tentou imprimir maior ritmo ao jogo no início da segunda parte, mas sem grandes consequências. O Portimonense entrou mais na expectativa, mas na primeira oportunidade que teve na primeira parte faturou mesmo.

O jogo levava 56 minutos, Fabrício subiu pela esquerda e fez um remate com grande efeito. Um belo golo a inaugurar o marcador na Luz.

Festejava a curta mas entusiasta representação do Portimonense na Luz, enquanto a preocupação se adensava entre os benfiquistas. Mas aí, apenas três minutos depois do golo dos algarvios, aconteceu o lance na área que abriu caminho ao empate do Benfica e deixou o Portimonense reduzido a dez jogadores, quando Gonçalo Martins assinalou penálti de Hackmann sobre Salvio. Chegou Jonas para bater e, frio, marcou. 1-1.

Respirava-se de alívio na Luz e Rui Vitória voltava a mexer, agora para fazer entrar Filipe Augusto para o meio-campo, recuando Samaris e saindo Lisandro. O Benfica ganhou ânimo com o empate, proporcional ao desânimo do Portimonense, e cresceu. Boas oportunidades para Seferovic, depois para Jonas, ainda Eliseu com uma boa bola que não aproveitou. Mas golo, nada.

Foi Eliseu a sair na terceira e última substituição do Benfica, faltavam pouco mais de 15 minutos para o final quando entrou Jimenez. Mas não veio do mexicano o golpe de asa que faltava ao Benfica.

Veio do outro lado da defesa, onde André Almeida inventou qualquer coisa que ainda há-de estar para explicar. Uma espécie de cruzamento, com um efeito improvável que fez a bola entrar no canto de lá da baliza de Ricardo Ferreira. Incrível momento na Luz do lateral a quem os dedos de uma mão chegam para contar os golos da carreira.

Esta já era uma história arrevezada, mas não ficou por aqui. O Portimonense estava vivo e festejou novo golo na Luz quando Manafá cruzou para Fabrício voltar a aparecer na área e marcar. O árbitro chegou a dar a indicação de golo, os jogadores alinharam para o reatar do jogo, mas aí surgiu a indicação do recurso ao VAR. E o golo não foi mesmo validado, por fora de jogo de Manafá.

Mais uma vez, o Benfica salvava-se, num jogo em que se pôs muito a jeito para mais um dissabor. Escapou-lhe, mas a vitória não esconde uma má exibição e a sensação de que estes foram três pontos arrancados à sorte, frente a um Portimonense que merecia mais do que sair derrotado da Luz depois do que aqui fez.