O Belenenses esteve muito perto de quebrar o jejum de vitórias em cima do fecho da primeira volta, mas acabou por ceder mais um empate diante do Boavista ao consentir um golo em tempo de compensação. Um castigo tardio para a equipa de Domingos Paciência que procurou defender a curta vantagem demasiado cedo. Prémio justo para os «axadrezados», que nunca baixaram os braços e acabaram por somar um ponto determinante, que lhes permite fechar a primeira parte do campeonato na primeira metade da classificação.

Confira a FICHA DO JOGO

Um jogo feito de equilíbrios em que o Belenenses conseguiu colocar-se em vantagem numa transição rápida, uma das poucas que conseguiu ao longo do jogo, para depois fechar-se, com uma grande capacidade de sofrimento, a fim de suster a reação do adversário. Um esforço que se desmoronou com estrondo nos últimos instantes da partida, mas já lá vamos.

Já com o regressado Bakic à disposição, Domingos Paciência manteve a confiança em Benny no apoio direto a Maurides no ataque, que contou ainda com Fredy e Diogo Viana, mais abertos sobre as alas. O Boavista, por seu lado, apresentou-se num clássico 4x3x3, com Kuca e Leonardo Ruiz no apoio direto a Rochinha. Um jogo que começou com um ritmo baixo, com as duas equipas a estudarem-se, sem arriscar muito, atacando com poucos e defendendo com muitos.

Um equilíbrio com muita luta no miolo, mas sem ninguém a conseguir a profundidade necessária para visar a baliza contrária. A primeira vez que o Belenenses ensaiou uma transição rápida, deu golo. Passe longo de Yebda, com a bola a cair sobre a esquerda onde surgiu em grande velocidade Florent. Vágner e David Simão saíram ao encontro do lateral francês que cruzou atrasado para Benny que, na zona central, atirou para as redes vazias. Um golo que, como se viria a constatar, valeria ouro para os azuis.

O Boavista reagiu bem, reclamando a posse de bola, sem conseguir acelerar muito o jogo, mas obrigando o Belenenses a recuar para o seu meio-campo. Um recuo em demasia que colocou a baliza de Filipe Mendes em perigo, com o Boavista, neste período, a circular bem a bola à procura de um erro para chegar ao empate. Os «azuis» bem tentavam aliviar a pressão, mas sentiam tremendas dificuldades para sair a jogar com a bola controlada, com os «axadrezados» a fecharem bem todos os caminhos, com uma pressão alta que colocava muitos problemas à equipa de Domingos Paciência.

Os portuenses fixaram o cerco à área da equipa do Restelo e Rochinha esteve muito perto de empatar, num lance em que passou por entre dois defesas e rematou para boa defesa de Filipe Mendes. O Belenenses só conseguiu escapar por mais duas vezes, com mais uma arrancada impressionante de Florent, a culminar com uma bomba que deixo Vágner com as luvas a ferver. Já perto do intervalo, Benny voltou a rematar, mas Talocha não deixou a bola chegar à baliza. O Boavista também criou perigo em dois lances de bola parada, mas também não conseguiu tirar mais rendimento da elevada posse de bola que chegou a usufruir.

No início da segunda parte ficou ainda mais evidente que a prioridade do Belenenses era segurar a vantagem. Primeiro destruir e anular as investidas do Boavista, só depois pensar em construir qualquer coisa. O Boavista por seu lado, sentiu muitas dificuldades para encontrar espaços para fazer fluir o seu futebol. Jorge Simão bem tentou oferecer dinâmica à equipa, com constantes mudanças, fazendo subir Fábio Espinho numa primeira fase, para depois lançar Mateus para o flanco esquerdo, passando a jogar em 4x4x2, com Kuca no lado contrário.

Último fôlego axadrezado silencia Restelo

Foi um início de segunda parte feio, com muita luta, mas escassas oportunidades de golo que só surgiram nos instantes finais. A «parede» azul resistiu bem à primeira onda de ataque dos «axadrezados» e até foi conseguindo empurrar o adversário para mais longe da baliza de Filipe Mendes, subindo em bloco, mas sem nunca perder a consistência. O Boavista foi-se desgastando numa missão infrutífera, apesar dos intensos esforços de Fábio Espinho para estabelecer ligações na frente. O médio acabou por sair esgotado para a entrada de Rui Pedro.

O Boavista ainda conseguiu um último fôlego para uma nova onda de ataques nos quinze minutos finais. Carraça, com uma bomba de meia distância, deu o mote para o último assalto. Kuca, com um remate cruzado, fez levantar as bancadas, mas a bola passou caprichosamente ao lado. Depois foi a vez de Rui Pedro tentar a sua sorte, mas Nuno Tomás desviou in extremis, de cabeça, com a bola a beijar a trave e a voltar para o terreno de jogo. A sorte parecia estar definitivamente do lado do Belenenses, que se convenceu disso mesmo e baixou a guarda. O Boavista não perdoou e chegou mesmo ao golo que já se adivinhava há largos minutos. Canto de Carraça, a bola é cortada pela defesa e sobra para a entrada da área. Rui Pedro, sem deixar cair, disparou com estrondo ao poste e, na recarga, Mateus, que parece estar em posição irregular, atirou a contar. Ironia das ironias, a justiça tardia saiu dos pés de um jogador que já foi «caso» para o Belenenses, ainda por cima em fora de jogo.

Balde de água fria no Restelo e grande festa dos «axadrezados» em mais um episódio emocionante entre dois emblemas que, há uns anos, reclamavam o estatuto de quarto grande.