Tondela e Marítimo entraram em campo cientes de que perder pontos podia ser sinónimo de muitos nervos nos jogos que se seguiriam. O fantasma da linha de água, ali tão longe, mas tão perto ao mesmo tempo, era uma pressão que nenhuma queria suportar e, portanto, urgia a conquista de pontos.

Ainda para mais numa fase em que eles parecem realmente não querer nada com as duas equipas. O Tondela viera de um triunfo, é certo, porém o registo anterior parecia mostrar um clube de costas voltadas para os pontos. Ainda para mais entrou em campo desfalcado de alguns jogadores importantes.

O Marítimo, então, chegou a este jogo numa das piores fases da época, com quatro jogos sem vencer e dois desaires consecutivos.

O discurso dos treinadores apontou no sentido da importância dos pontos, pelo que a lição parecia devidamente estudada para o jogo no João Cardoso.

O que leva à pergunta: que lição foi essa na realidade?

Para duas equipas que procuravam exasperadamente os três pontos, aquilo que se viu durante a primeira parte roçou o fraco. Muita luta em campo, mas com pouca assertividade. Faltas e faltinhas muitas, demasiada ansiedade e pouco discernimento.

O deserto de oportunidades lá encontrou, por fim, um oásis, às portas do intervalo.

Antes Xadas já tinha visado as redes da baliza tondelense, mas do lado de fora, após uma boa defesa de Cláudio Ramos. Mas Richard e Nanu deixaram antever algo de melhor quando repartiram chances, para um lado e para o outro, mas falharam na hora de finalizar, quando até estavam em posição privilegiada para o fazer.

Um regresso animado mas uma saída em silêncio

Em comparação com o primeiro tempo, o segundo foi bem mais mexido, por assim dizer. Notou-se claramente maior risco por parte de ambas as equipas. Mais atrevimento, a pisarem terrenos mais avançados.

Um meio-campo bastante povoado deixava sempre a bola muito longe da baliza adversária. Nanu e Jonathan Toro destacavam-se nas respetivas equipas, como elementos mais irreverentes, mas sem resultados práticos. As muralhas defensivas estavam demasiado bem montadas para ser possível penetrá-las.

E quando era possível, faltava a magia para o fazer, o tal de «fator x» que por vezes resolve encontros.

E como os números por vezes ajudam a perceber melhor o que se passou em campo, o rascunho foi pouco rabiscado: uma oportunidade para cada lado na segunda parte.

Ricardo Alves teve na cabeça a melhor oportunidade do segundo tempo (83’), mas serviu apenas para animar as bancadas. Maeda, da mesma forma e no lance seguinte, replicou o movimento e quase fazia os insulares sorrir, mas com boa oposição de Cláudio Ramos.

Os instantes finais foram um espelho do que se passou em campo. Um suplicio de futebol e, não fosse a ânsia dos adeptos na conquista dos três pontos, praticamente podiam ter dado o jogo como fechado há mais tempo.

Um jogo mau, sem golos, com pouco futebol, pobre em campo e mortiço nas bancadas. A saída do estádio foi ruidosamente silenciosa.

Uma «jogatana» de rua com pedras a fazer de balizas tinha mais emoção.