No meio de uma eliminatória tremendamente exigente em todos os aspetos, frente ao poderoso Bayern, o Benfica conseguiu arrancar uma vitória importantíssima na luta pelo tricampeonato, perante uma Académica que se superou do ponto de vista defensivo e quase levava um pontinho na difícil luta que tem pela manutenção.

Os encarnados começaram a partida com um onze praticamente idêntico ao que iniciou a partida em Munique na passada terça-feira, apenas se registando a troca de Fejsa por Samaris. A pressão para este duelo era muita, dado que qualquer deslize nesta fase do campeonato poderá vir a comprometer seriamente a luta pelo título. Essa pressão, aliada a algum cansaço, fez-se notar sobremaneira no primeiro tempo.

Tendo pela frente uma Académica estruturada num 4-2-3-1 de linhas baixas, com Ricardo Nascimento a fazer dupla com Nuno Piloto ao meio, embora baixando várias vezes para ficar quase como terceiro central, o Benfica não entrou bem na partida, jogando num ritmo pachorrento e previsível. Os estudantes, muito intensos na pressão sobre o portador da bola e na organização defensiva, também não iam ajudando as intenções do bicampeão nacional…

FICHA DE JOGO E AO MINUTO DO ACADÉMICA-BENFICA

E, assim, num início de grande equilíbrio, acabou por ser a Académica a sobrepor-se, pouco depois do quarto de hora: Rafa Soares cruzou desde a esquerda, Eliseu afastou para a entrada da área onde estava Pedro Nuno, solto de marcação, que atirou colocado, sem hipóteses para Ederson. Um golo em tudo semelhante ao que apontou na semana passada, em Arouca.

Até à meia hora de jogo, foi notória a incapacidade da turma encarnada para responder ao golo academista. Faltava velocidade, intensidade e jogo pelos corredores laterais, muito bem preenchidos pela formação academista, com os extremos a ajudarem os laterais, em ambos os lados.

Nos últimos 15 minutos do primeiro tempo, porém, foi notório o crescimento do Benfica, mais rápido e intencional nas ações ofensivas que empreendeu. Gaitán teve o golo nos pés, mas João Real afastou. Pouco depois, foi Pedro Trigueira a salvar a Académica.

Até que apareceu Mitroglou no jogo. Em dose dupla. Primeiro atirou de cabeça ao lado, com a bola a passar muito perto do poste direito da baliza à guarda de Pedro Trigueira. Mas o golo não se faria esperar muito: Pizzi cruzou de longe, Iago falhou a interceção de forma clara e o 11 benfiquista não perdoou, como é seu timbre, aliás.

Foi o golo número 18 do internacional grego no campeonato.

Até ao apito final para a primeira parte, Pizzi e Jardel tiveram ainda duas ocasiões soberanas para completar a reviravolta mas desperdiçaram, de forma clara. O segundo tempo no Cidade de Coimbra prometia…

Raúl, a chave do jogo

Sem alterações ao intervalo, a toada do jogo continuou a mesma no arranque do segundo tempo: Benfica dominador e pressionante perante uma Académica de faca nos dentes a defender. Ainda assim, nos primeiros minutos, apenas Pedro Trigueira se destacou claramente dos demais, primeiro travando um livre de Gaitán e depois impedindo que um desvio de Iago fosse parar à própria baliza…

Ao quarto de hora, Rui Vitória decidiu finalmente mexer na equipa, trocando Pizzi por Carcela. Com esta alteração, o técnico encarnado procurava espevitar um ataque pouco inspirado, pelo menos no arranque de segunda parte. Do outro lado, Pedro Nuno, depois de algumas queixas físicas, cedeu o seu lugar a Rui Pedro.

O Benfica pareceu acusar neste período o desgaste do jogo na Alemanha, embora a equipa tenha crescido, mais em força do que propriamente em qualidade. Os bicampeões nacionais forçaram, forçaram e forçaram mas encontraram do outro lado um obstáculo de alto nível: Pedro Trigueira. O guardião academista ia impedindo os festejos benfiquistas de forma sucessiva.

Até que um dos suplentes lançados por Rui Vitória se tornou absolutamente decisivo, com Iago a ser novamente protagonista pela negativa. Raúl Jiménez ganhou em antecipação ao central brasileiro da Académica e fuzilou aquele que vinha sendo o homem do jogo até aos últimos cinco minutos.

Até ao final, o Benfica foi controlando as operações perante uma Académica que nada quis com o jogo em termos ofensivos até sofrido o segundo golo. Fica uma vitória de sofrimento tremendo naquilo que poderá muito bem ser o caminho até ao tricampeonato. Um caminho trilhado também nestes jogos, de alma, querer e sacrifício até bem perto do apito final…