Na falta de avançados foram os defesas do Benfica que construíram a vitória sobre um Arouca que demorou muito tempo a adaptar-se ao carrossel que Rui Vitória montou na frente, com quatro unidades muito móveis.

O Benfica sai da partida como um justo vencedor, ainda que tenha sofrido um pouco na parte final – mais pela incerteza do resultado do que por oportunidades de golo do adversário - quando teve tudo para resolver a partida nos primeiros 30 minutos.

Antes da partida, já se sabia que o Benfica chegava a Arouca com uma equipa algo limitada, devido a muitas lesões. No ataque então, a razia era total. Não havia Jonas, Mitroglou nem Jiménez. Rui Vitória disse que não, mas a sua cabeça deve ter andado à volta para construir o onze.

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A verdade é que a equipa montada pelo técnico do Benfica apresentou muita dinâmica e quem ficou a andar à roda foi o Arouca, que demorou muito tempo a encontrar-se e a reagir à melhor entrada do campeão.

Mais uma voltinha... mais um jogador

Com a linha avançada órfã das três unidades habitualmente usadas por Rui Vitória, o técnico encarnado viu-se obrigado a improvisar uma dupla com dois jogadores adaptados, surgindo Rafa e Gonçalo Guedes mais próximos da baliza.

Sem Jonas, o jogador mais procurado para as tabelinhas que os encarnados tendem a procurar para desmontar as defesas contrárias, o ataque do campeão nacional contou com o contributo inesperado de Nuno Coelho que, na tentativa de aliviar uma bola, chutou contra as pernas de Nelson Semedo, enganando o guardião Bracali.

O ataque muito móvel do Benfica complicava as marcações da defesa contrária, que não tinha qualquer referência em quem se fixar, mas que via surgir, muitas vezes na zona central Pizzi e Salvio, além de Rafa e Guedes. À vez, os quatro jogadores da frente foram testando Bracali, que segurou o resultado numa diferença mínima.

Em vantagem, o carrossel ofensivo da águia rodava ao sabor do apoio constante que vinha das bancadas do Municipal de Arouca. E o desnorte arouquense era tal, que as oportunidades das águias sucediam-se a um ritmo elevado.

Rafa, duas vezes, Pizzi outras duas e Guedes ficaram à beira do segundo golo ainda antes da meia hora com os encarnados ora a falhar na pontaria, ora a atirar «ao boneco» Bracali, que ia fazendo o que podia.

E se a entrada do Benfica iluminava o palco de jogo, com as variedades de que o povo gosta – velocidade, jogadas de entendimento, bola sempre a rondar a baliza adversária –, os primeiros 35 minutos do Arouca pareciam saídos de uma... casa dos horrores.

O conjunto de Lito Vidigal, que habitualmente é uma equipa segura, compacta e perigosa para os adversários, foi o contrário de tudo isto. Desorganizada, sem rasgo e apática.

Nos últimos minutos da primeira parte, o Benfica diminuiu a intensidade na busca do golo da tranquilidade e deu oportunidade à equipa da casa para se mostrar mais junto da área de Júlio César, ainda que sem criar perigo até ao intervalo.

A incerteza criada na cabeça de Walter

A segunda parte trouxe uma alteração no xadrez de Lito Vidigal. A entrada de Gégé para a lateral direita, com Nuno Coelho a subir de central para a sua posição de origem fez com que o Arouca mostrasse outra face, conseguindo, desde logo recuperar a organização defensiva que é a base da equipa.

Porém, através de uma bola parada, o Benfica marcou o segundo golo logo a abrir a etapa complementar, por intermédio de Lisandro, que respondeu de cabeça a um canto batido por Grimaldo, o que podia fazer prever um maior desnorte dos arouquenses.

E aí, Lito Vidigal voltou a mexer na equipa, colocando Walter González na partida, mudança que trouxe claros benefícios ao conjunto da casa. Pouco depois de entrar, o camisola 50 do Arouca marcou, elevando-se sobre Nelson Semedo ao segundo poste e relançando a partida para a última meia hora.

Surgiu então a tal incerteza do resultado, que se manteve até aos momentos finais da partida, ainda que o Arouca não tenha voltado a incomodar verdadeiramente a baliza de Júlio César.

Aliás, seria o Benfica que, no último suspiro do jogo ficaria mais próximo de ampliar a vantagem, com Carrillo a ver Bracali negar-lhe o golo duas vezes, além de o estreante José Gomes ter ficado a centímetros de um golo que lhe daria uma estreia de sonho aos 17 anos.