A FIGURA: Gonçalo Guedes

Saiam da frente do Guedes. Lançado às feras numa posição onde tem poucas rotinas, o jovem de 19 anos não tremeu. Bem pelo contrário, fez tremer a defesa do Arouca tal a vertigem que imprimiu nas suas incursões ofensivas. Apesar de ser, no papel, o jogador mais adiantado da equipa, Guedes não caiu na tentação de se fixar entre os centrais, onde perderia uma das suas principais armas: a velocidade. Conseguiu várias boas combinações com Rafa e Salvio e ainda tentou o golo, sobretudo com remates de longe. Foi o jogador que se manteve sempre mais ligado ao jogo, e sai da partida como prémio de melhor por isso mesmo.

O MOMENTO: Walter lança a dúvida

O golo de Walter González teve o condão de trazer incerteza a uma partida que parecia ter a história escrita. O paraguaio, acabado de entrar, abanou a partida, mas o Arouca já não foi a tempo de desfazer a desvantagem.

OUTROS DESTAQUES

Rafa, O Reforço: o campeão europeu chegado do Sp. Braga teve entrada direta no onze de Rui Vitória, beneficiando da razia que a frente de ataque encarnada sofreu na semana antes da partida. Aos 20 minutos teve oportunidade para marcar, após cruzamento de Gonçalo Guedes, mas atirou, de pé esquerdo contra o corpo de um adversário, quando Bracali parecia estar fora do lance. Pouco depois, seria o brasileiro a negar-lhe novamente o golo, após uma tentativa de chapéu do camisola 27 das águias. Dúvidas houvesse, o ex-Sp. Braga deixou a certeza de que é reforço e pode ser muito útil na manobra de Rui Vitória. Saiu aos 61 minutos, aparentemente tocado.

Jardel, O Regressado: a maior novidade que Rui Vitória apresentou na equipa com que iniciou a partida foi a inclusão de Jardel no onze, com o brasileiro a entrar para o lugar de Lindelöf que nem no banco se sentou. De braçadeira no braço, Jardel foi o comandante da defesa, dando várias indicações aos companheiros de setor e até a Júlio César. Impecável atrás, tentou ainda dar o seu contributo na área adversária onde também é muito forte.

Semedo e Lisandro: na véspera da partida correu muita tinta a lembrar a ausência das principais referências ofensivas do Benfica. Mas à falta de avançados, foram os defesas a indicar o caminho do golo. Primeiro, foi Nelson Semedo que, numa subida pela direita teve o mérito de estar no sítio certo e a sorte de a bola cortada por Nuno Coelho lhe bater na perna para entrar na baliza de Bracali. Depois, seria Lisandro a subir ao terceiro andar para cabecear para o segundo golo.

José Gomes: foram dois minutos que dificilmente serão esquecidos pelo jovem avançado de 17 anos. Ainda mostrou alguns dos seus atributos. Mobilidade na frente de ataque e foi por centímetros que não coroou a estreia com um golo.

André Santos: o médio foi sempre o jogador mais esclarecido do Arouca nesta partida. No período de maior desnorte da equipa, também ele foi engolido pelo compressor que foi o Benfica, mas foi nos seus pés que a equipa começou a pausar o jogo, no momento em que mostrou sinais de reação. Na segunda parte ficou perto do golo, com um remate à entrada da área que saiu ligeiramente ao lado.

Walter González: o paraguaio foi uma das unidades em maior destaque na época de sonho que o Arouca fez no ano passado, marcando golos decisivos nos seis meses em que esteve ao serviço dos arouquenses. Destacou-se de tal forma que muito se falou na sua possível saída para o campeonato alemão. A verdade é que ficou em Arouca e, apesar de aparentar ter perdido algum espaço para Marlon, fica a ideia de que, com a cabeça no lugar, o posto de ponta de lança será seu. O golo que marcou esta noite, além de ter levantado a dúvida sobre o resultado, foi mais uma prova de que Walter mesmo jogador.

Bracali: a segurança habitual do guardião brasileiro manteve o Arouca na discussão da partida, algo que, com maior eficácia encarnada, podia ter acabado logo na primeira meia hora. Mas Bracali não quis entrar na festa e não se deixou ir no desnorte da sua equipa, mantendo os índices de concentração no máximo, e o resultado em aberto. Na segunda parte teve muito menos trabalho, mas ainda negou duas vezes o golo a Carrillo nos descontos.