Ricardo Soares tinha lançado a receita e os onze em campo trataram de juntar os ingredientes, aos quais acrescentaram alguns condimentos para fechar a primeira volta com um sabor especial. O Gil Vicente venceu o V. Guimarães (3-2) e senta-se no quinto posto, que dá acesso às competições europeias.

As duas formações partiram para o encontro desta segunda-feira a saber precisamente disso. Um triunfo significaria aproveitar as derrotas dos adversários diretos, Estoril e Portimonense, e impedir que o outro descolasse.

O Gil Vicente, já com o recuperado Kanya Fujimoto, apresentou aquele que tem sido o seu onze mais regular e tantas alegrias tem dado às gentes de Barcelos esta temporada. Já do V. Guimarães não se pode dizer o mesmo. Entre jogadores positivos à covid-19, castigados e ausentes na CAN, Pepa teve de remendar o onze inicial e nem sequer jogou com um ponta de lança de raiz – Lameiras e Quaresma eram os homens mais soltos no ataque, aos quais se juntava André Almeida.

Os conjuntos minhotos entraram com olhos virados para as balizas adversárias. Ricardo Soares tinha mesmo previsto futebol de ataque de ambas as equipas e os intervenientes não desiludiram. O V. Guimarães até foi o primeiro a criar perigo, graças a um mau atraso de Zé Carlos, mas os gilistas responderam logo de seguida. O perigo do conjunto caseiro partiu dos pés de Samuel Lino, um dos pilares desta equipa. Depois, foi Murilo a desperdiçar uma oportunidade, como viria a fazer novamente mais tarde.

O Gil Vicente carregava e queria ser «mandão» no jogo, enquanto os vitorianos colecionavam erros defensivos. Foi numa dessas falhas que Fran Navarro surgiu na cara de Varela – após um excelente passe de Lucas Cunha – e apontou para o décimo golo na Liga. Que ponta de lança mora em Barcelos!

A partir de então, esperava-se a resposta do V. Guimarães, mas sucedeu precisamente o contrário. Os homens de Pepa consentiram o golo em demasia e o conjunto caseiro partiu em busca do segundo, que esteve muito perto de acontecer novamente pelo avançado espanhol. Fujimoto fez o que quis de Varela, colocou na grande área e Navarro aproveitou «as sobras», mas o remate foi bloqueado.

A seguir, Murilo voltaria a falhar na «hora H» e permitiu nova intervenção ao guarda-redes vimaranense. Já no canto que se seguiu, todos ficaram pregados no relvado a ver Vítor Carvalho cabecear à trave.

A apatia do V. Guimarães não ficou nos cacifos do balneário. Os visitantes não conseguiram suportar o intenso recomeço do Gil e voltaram a sofrer, mas sem antes Murilo esbanjar mais uma oportunidade de golo no frente a frente com o guardião adversário.

O que Murilo falha, Navarro aproveita. O avançado espanhol previu a defesa incompleta de Varela a um remate de Lino e só teve de encostar para fazer o 11.º golo na Liga, subir ao pódio dos artilheiros e dar a tranquilidade que os gilistas procuravam desde o primeiro tempo.

Pepa olhava para o banco, conversava com os adjuntos e apercebia-se que a paciência da bancada visitante estava a esgotar-se. O técnico vitoriano promoveu a estreia do internacional angolano Nélson Luz, que trouxe consigo energia e irreverência em défice até então.

O Gil cantava de galo, o Vitória cacarejava

Depois de ter rendido Murilo, bastaram apenas oito minutos para Leautey finalizar logo na primeira oportunidade que teve nos pés. O avançado francês puxou para o pé esquerdo e o marcador delineava uma vitória «gorda» do Gil Vicente perante o vizinho minhoto.

O desalento dos adeptos vitorianos era tanto quanto a incapacidade da equipa em criar perigo junto da baliza de Frelih. Até que apareceu a luz que Pepa vira no banco. Nélson Luz foi a toda a velocidade e reduziu a desvantagem.

Com os olhos postos no angolano, Edwards também se juntou à iniciativa vitoriana e foi na rapidez que desconcertou a defensiva gilista. O inglês foi derrubado na grande área e tratou de cobrar a grande penalidade de forma exímia.

Voltava a emoção dos minutos iniciais. A partida estava relançada e a comitiva vimaranense agigantava a baliza de Frelih. Perante tal gigante, cedeu Edwards. O extremo, que já estava amarelado, travou a transição gilista, foi expulso e pôs fim à reação da turma de Pepa.

O Gil Vicente iguala o melhor registo pontual à 17.ª jornada e mostrou que o Galo pode mirar a Europa. Prémio justo para os comandados de Ricardo Soares, uma das equipas-sensação da Liga. O V. Guimarães, por seu turno, sai de Barcelos sob muito protesto.