Figura: Tiquinho Soares

Os matadores são assim. Estão 80 e tal minutos desaparecidos, com poucas oportunidades para visar a baliza adversária. Mas, quando lhes dão uma nesga de espaço, atiram a contar. Soares é um matador, vive de golos e garante vitórias. Esta noite foi assim. Na primeira parte foi mal servido, passou grande parte do jogo sem bola. Lutou, pressionou como é hábito. Subiu de produção na etapa complementar e resolveu com uma cabeçada imparável a dois minutos do final. Decisivo.

Momento: a barra salva o Dragão, parte II (79’)

Travessão abençoado. Esgaio já tinha alertado o FC Porto ao atirar um míssil ao ferro da baliza de Casillas, logo a abrir a primeira parte (56’). Depois, no seguimento de mais uma jogada coletiva dos bracarenses, Fransérgio recebeu o cruzamento de Dyego Sousa e fez soar aos alarmes e tremer a baliza dos dragões. Um lance feliz para o FC Porto e infeliz para o Sp. Braga que, a onze minutos do final, poderia ter alterado por completo o desfecho final.

A CRÓNICA DO JOGO: Entre candidato e campeão a diferença está no quase

Outros destaques:

Sequeira: um dos poucos jogadores que não tem minutos na equipa bracarense é Ailton. Esse facto diz muito da época que Sequeira está a realizar. Concentração máxima, agressividade nos limites, anulou por completo Corona. Foi uma das principais referências de saída de pressão do Sp. Braga, carregando a equipa para a frente e definindo com enorme clarividência. Assinou, porventura, a melhor exibição pelos minhotos. Que grande jogo!

Óliver: o futebol joga-se com o cérebro, os pés são meras ferramentas. Óliver prova-o sempre que entra em campo. Pensa antes de receber e executa com qualidade, enfim, é o maestro do metal portista. O jogo acalma e respira quando a bola lhe chega aos pés e, depois, ganha fluidez. Contabilizam-se vários passes a rasgar a organização contrária e um pontapé por cima da trave (6’). Mas o aniversariante é mais do que isso, o que por si só justifica o destaque.

Dyego Sousa: é notícia: o melhor marcador da Liga ficou em branco, após dois jogos seguidos a marcar. Ainda assim, trabalhou muito para a equipa: segurou a bola, ganhou faltas que permitiram à sua equipa respirar e assistiu. Desperdiçou a melhor oportunidade para os minhotos na primeira parte, quando dentro de área, cabeceou ao lado (25’). Ofereceu o golo a Fransérgio, mas a tentativa do seu colega esbarrou na trave. Em suma, um bom jogo.

Esgaio: é impossível contabilizar as vezes que correu os 105 metros que distam de uma linha final à outra. Com Goiano preocupado com Brahimi – raras vezes ultrapassou a linha do meio-campo para apoiar o ataque – coube a Esgaio a missão de percorrer o corredor direito. E cumpriu-a com distinção. Foi o autor da grande maioria dos cruzamentos do Sporting de Braga e ainda espreitou o golo em duas ocasiões. Se Casillas se opôs bem à primeira tentativa (41’), nada se pode dizer da segunda: remate fortíssimo que fez abanar a trave de Iker. Não se pode dizer que não seria um prémio justo. Incansável.

Otávio: à direita, à esquerda, ao centro... pouco interessa. O FC Porto precisava de sangue novo e Otávio ofereceu-o aquando da entrada para o lugar de Maxi (63’). Exagerou um pouco nas combinações pelo corredor central, no entanto, acaba por estar ligado ao lance do golo que fez o Dragão explodir e respirar de alívio. Antecipou-se a Wilson Eduardo e colocou milimetricamente a bola na cabeça de Soares para o tento que decidiu a partida.