Com um Benfica a querer repetir a receita usada contra Rio Ave e o Santa Clara a pretender regressar à senda de vitórias, esperava-se, no Estádio de São Miguel, um jogo de emoções fortes. Mas, a realidade é que durante os primeiros 20 minutos da partida a dinâmica de jogo esteve longe de corresponder a essa expectativa. Ter-se-ia de aguardar pelo minuto 21 para assistir ao começo de um futebol mais ritmado e emotivo. Foi Seferovic, que tinha tido nos pés a primeira oportunidade de golo da partida, que protagoniza essa viragem ao inaugurar o marcador. Um passe em profundidade de André Almeida e uma «escorregadela» do antigo jogador do Benfica, Fábio Cardoso, garantiram via verde  ao avançado suíço, que rematou deixando o guardião das redes açorianas sem qualquer margem de contenção.

A vantagem da equipa da Luz veio desassossegar ainda mais do treinador do Santa Clara, habituado a marcar em jogos em casa. Contas feitas, os golos dos encarnados de Ponta Delgada no Estádio de São Miguel só não aconteceram duas vezes esta época. E, com os «grandes», foi sempre a equipa da casa a inaugurar o marcador. Uma imagem que os açorianos não conseguiram replicar neste confronto da 17ª jornada, muito por força de um meio campo com fraca capacidade de distribuição de jogo, que impedia a entrada em velocidade na área dos encarnados da capital. Aliás, esse não foi o único pecado do Santa Clara na primeira parte… A defesa da equipa de São Miguel também acusava fragilidades na defesa, várias vezes capitalizadas pelos adversários.

Depois de sofrer o golo, o melhor que se viu dos insulares foi o remate de fora da área de Bruno Lamas, aos 37 minutos. Valeu, no entanto, a pronta defesa de Odysseas Vlachodimos. Pelo contrário, o Benfica avisava e mostrava vontade crescente de dilatar a vantagem no marcador. E, ainda antes de entrar nos 40 minutos, Seferovic teve o segundo golo no pé direito.

A verdade é que o lance que marca os últimos minutos da primeira parte é mesmo o gesto do ex-Benfica Fábio Cardoso que puxa Pizzi pelo braço. Atitude que lhe vale um cartão amarelo e o assinalar de uma grande penalidade, castigo que, no fim de contas, não se concretizou. O árbitro João Capela, que ainda chegou a colocar o esférico na marca dos onze metros, teve dúvidas e recorreu ao VAR. Após alguns minutos, regressa e decide mostrar a cartolina vermelha a Fábio Cardoso, assinalando um livre, por uma falta fora da área.

Regressados do intervalo e em inferioridade numérica, os açorianos acabaram por não demorar muito a sofrer mais um golpe na moralização da equipa para correr atrás do prejuízo. Estavam decorridos apenas três minutos do segundo tempo quando Jardel, na sequência de um canto batido por Pizzi, dispara de cabeça para o mundo das malhas de Serginho. E o terceiro golo do Benfica por pouco não aconteceu nos dez minutos seguintes. Nesse intervalo de tempo, a equipa orientada por Bruno Lage teve quatro oportunidades flagrantes para marcar.

FILME E FICHA DE JOGO.

Intensificava-se a desorientação da defensiva do Santa Clara e a reviravolta no marcador era cada vez mais uma miragem para os insulares, diante de um Benfica que ganhava mais conforto e confiança na circulação de bola, gerindo o jogo a seu belo prazer. Só um disparo de Pineda, aos 76 minutos, deixou Odysseas em sentido. Minutos antes, também Patrick rematou, mas à figura do guardião da Luz.

Dai até ao final da partida, arrefeceu a sede do Benfica por chegar ao terceiro golo, ao passo que o Santa Clara continuou sem fazer o suficiente para reduzir a desvantagem.

A equipa da capital sai dos Açores com a sexta vitória sobre os açorianos em sete jogos disputados no principal escalão do futebol português. O Santa Clara o melhor resultado que teve com o Benfica foi mesmo um empate.

Este foi o jogo com a maior enchente da época nas bancadas do Estádio de São Miguel (dez mil pessoas). Uma afluência que muito se deve ao saudosismo dos adeptos. A última presença da equipa da Luz nos Açores para o campeonato tinha sido em Novembro de 2002.