O Bessa assistiu a uma «Petit» traição.

O Marítimo interrompeu a série de duas vitórias consecutivas do Boavista  em casa pela mão de Petit, um dos filhos da pantera. O treinador dos insulares começou e concluiu a carreira de futebolista com a camisola axadrezada. Mais tarde, aventurou-se como treinador também ao serviço do seu clube de sempre.

No entanto, as emoções e memórias ficaram presas no túnel de acesso ao relvado. Petit saiu a sorrir num triunfo bem à sua imagem: com raça e sofrimento.

A primeira parte resume-se em poucas linhas. A necessidade de não perder sobrepôs-se à vontade de vencer, tornando o jogo monótono. À boleia de Mateus, a pantera tentou agarrar o jogo logo de início. Empurrou o Marítimo para o seu meio-campo, somou livres e cantos nas imediações da área. No entanto, não retirou dividendos desse ascendente.

O Marítimo equilibrou a partir do minuto vinte e acercou-se da baliza de Helton quase sempre através de ataques rápidos. O rosto dessas saídas fugazes foi Rodrigo Pinho. O avançado brasileiro ameaçou o golo em duas ocasiões, mas os remates morreram sempre nas mãos do guarda-redes axadrezado (19’ e 24’).

Ficha e filme de jogo

O Boavista perdeu imaginação e lucidez na construção do jogo ofensivo. Por isso, André Claro tentou resolver os problemas da equipa à bomba, errando o alvo por pouco (31'). Pouco depois, e na sequência de um canto, Neris viu Charles fazer uma defesa monumental e negar-lhe o 1-0 (41').

Nem mesmo essa flagrante ocasião de golo parecia capaz de travar os muitos bocejos ou revirar de olhos de quem assistia ao jogo. Suplicava-se por uma segunda parte melhor. É verdade que não foi bem jogada – tal como a primeira – mas foi emotiva. Muito mais emotiva.

Logo a abrir, o Marítimo aproveitou uma saída rápida para chegar à vantagem. Transição perfeita concluída com um chapéu delicioso de Rodrigo Pinho a Helton Leite. O golo não trazia justiça ao marcador, mas oferecia  ao jogo o que este pedia.

A partir do 0-1 os jogadores rasgaram os guiões entregues pelos dois treinadores e o jogo partiu-se, desorganizou-se. A jogar sobretudo com o coração, o Boavista teve dificuldades para furar a organização contrária, porém, fez o suficiente para empatar. Rafael Lopes (73’ e 90+2), por exemplo, viu Charles brilhar e negar o empate.

Mas o melhor estava guardado para o fim. Livre batido de forma indireta por Mateus com a bola a entrar na baliza de Charles. O Estádio do Bessa explodiu, mas Luís Godinho foi chamado à atenção pelo assistente para uma eventual posição irregular de Talocha aquando do remate do angolano. O árbitro foi ver as imagens, decidiu anular o golo e deu o jogo por concluído logo de seguida.

A história de uma traição «Petit».