*Por Tomás Faustino


Tarde de bom futebol na Choupana, com dois conjuntos a quererem proporcionar um bom espetáculo ao público e valorizar a modalidade. Não houve equipas a perder tempo nem houve ‘chutão’ na frente, mas sim um despique entre ideologias de posse e futebol apoiado, construído desde trás. O Nacional esteve melhor na primeira parte, mas o Belenenses reagiu melhor na segunda e somou três pontos importantes, na luta por um lugar europeu.

O Nacional apresentou-se no habitual 4x3x3 e sem grandes surpresas no onze. Com Marakis ainda lesionado, Vítor Gonçalves atuou como médio mais recuado, dando cobertura a uma dupla mais ofensiva constituída por Jota e Palocevic. Rosic recuperou e fez dupla com Júlio César, uma vez que Felipe Lopes também está lesionado, e a alteração de maior registo foi a entrada de Gorré no onze, em detrimento de Witi.

No Belenenses, sem Sasso nos eleitos, Cleylton jogou na defesa, e Eduardo rendeu Lucca, que ficou no banco de suplentes. Os pupilos de Silas jogaram, como de costume, em 3x5x2 quando em posse da bola e em 5x3x2 sem ela, com os rapidíssimos Diogo Viana e Reinildo a fecharem nas laterais. Nuno Coelho deixou de vez o meio-campo e joga agora como que a líbero, dobrando os centrais Cleylton e Gonçalo Silva. No meio, André Santos a trinco, atrás de Eduardo e Henrique. Licá e Fredy soltos na frente.

Na primeira parte, levados pelo apoio incansável dos seus adeptos, os alvinegros tiveram algum ascendente, fruto de uma maior iniciativa e de uma pressão mais efetiva sobre o portador da bola adversário. Contudo, a primeira oportunidade pertenceria ao Belenenses: aos 18’, em contra-ataque, Licá ganha em velocidade a Rosic e atira forte para uma boa defesa de Lucas França. Na resposta, aos 23’, bom lance do ataque do Nacional, com Camacho a ultrapassar um adversário e a atirar uma ‘bomba’ para o ângulo superior esquerdo da baliza adversária, mas Muriel esticou-se e fez uma defesa sensacional.

Filme e ficha de jogo

As equipas encontravam-se bem organizadas taticamente e assistiam-se a jogadas interessantes, mas no último terço a definição não era a melhor. Gorré, por exemplo, tirou três adversários do caminho e rematou em arco, mas para fora, aos 38’, e Henrique, por duas vezes, de meia distância, testou a atenção de Lucas França, sem efeitos práticos. Nulo ao intervalo que se aceitava completamente, mas que servia melhor os intentos forasteiros.

Na etapa complementar, o Belenenses entrou com maior disponibilidade ofensiva e começou a aproximar-se da área insular com maior frequência, Curiosamente, seria nesta altura que o Nacional estaria mais perto de marcar. Aos 56’, Camacho, em esforço, controla uma bola que todos davam como perdida, junto à linha lateral, no último terço, e cruza para o segundo poste, onde aparece Rochez a desviar para o poste. Dois minutos volvidos e Palocevic obriga Muriel a apertada intervenção. Na insistência, Gorré, de ângulo apertado, aparece isolado, mas o guarda-redes brasileiro faz bem a ‘mancha’ e volta a impedir os intentos nacionalistas.

O Belenenses reorganizou-se e, aos 67’, Eduardo apareceu na cara de Lucas França, mas já em esforço, apenas conseguiu desviar para fora. O jogo estava com elevada intensidade e sentia-se que o golo apareceria mais cedo ou mais tarde. E assim aconteceu, com a balança a pender para o lado dos lisboetas. Rosic teve uma péssima abordagem defensiva e facilitou em zona perigosa: dentro de área, preferiu não ‘despachar’ a bola de qualquer maneira e acabou deixando-a à mercê de Fredy, que o driblou dentro de área - bola para um lado, jogador para o outro – e ofereceu o golo a Licá, que na cara de Lucas França, não perdoou e inaugurou o marcador.

Daí para a frente a equipa da casa reagiu com muito coração, mas nem sempre com o melhor acerto. Teve maior caudal ofensivo, teve vários remates, mas nunca foi capaz de encontrar o caminho para as redes adversárias, voltando a perder em casa quatro jogos depois (3 vitórias e 1 empate). Já os azuis de Belém conseguem igualar Moreirense e V. Guimarães no quinto lugar da tabela, fruto desta segunda vitória consecutiva – têm apenas uma derrota, em Alvalade, nos últimos 11 jogos.