A meio de uma eliminatória europeia importantíssima, Paulo Fonseca não queria que os jogadores do Sp. Braga encarassem a deslocação ao Restelo, ensanduichada entre dois jogos com os turcos do Fenerbahçe, como uma espécie de intervalo.

Na antevisão do jogo com o Belenenses, o técnico da equipa minhota avisava que a cabeça tinha de estar no jogo deste domingo. A afirmação de Fonseca sugeria que talvez não fosse promover assim tantas alterações, mas assim que chegaram as fichas de jogo foi possível contabilizar oito mexidas em relação à partida na Turquia, a meio da semana.

Entre eles uma grande surpresa: a inclusão do jovem avançado da «B» Carlos Fortes, que se estreou pela equipa principal e logo a titular.

Acontece que tantas mexidas têm, por norma, consequências.

E a do Sp. Braga foi a de regressar para o Minho com uma pesada derrota (a mais dura da época) construída através de um início de segunda parte avassalador dos homens de Velázquez.

FILME E FICHA DE JOGO

Convém dizer que o Belenenses foi sempre a equipa mais cómoda em campo perante uns arsenalistas que se apresentaram em Lisboa com défice de criatividade e excesso de pólvora seca na zona de finalização.

Se as ausências de Rafa e Hassan (só para citar dois nomes) ajudam a explicar parte de um Braga quase irreconhecível, é justo destacar a boa organização dos azuis do Restelo, que conseguiram montar uma barreira eficaz junto à primeira zona de construção da equipa de Paulo Fonseca e ganharam muitas batalhas a meio-campo.

A primeira parte resume-se a isto. Um Belenenses pressionante, com mais bola, agressivo na procura dela, mas incapaz de aproveitar os muitos deslizes cometidos pelos bracarenses no processo de saída.

Com algumas dificuldades mas sem sofrimento excessivo, os bracarenses iam segurando de uma forma ou de outras as incursões dos homens de Velázquez, comandados pelo «capitão» Martins, que ia gerindo o ritmo do futebol dos azuis.

20 minutos de sonho

O Sp. Braga económico acabou por pagar a fatura. O Belenenses entrou mais audaz no segundo tempo e foi premiado aos 56 minutos. Carlos Martins bateu um canto da esquerda, Bakic desviou na zona do primeiro poste e Gonçalo Silva empurrou de pé direito para o golo.

Por essa altura, Julio Velázquez já tinha decidido lançar Miguel Rosa no jogo. A verdade é que faria sentido que deixasse cair a substituição, optando por segurar a vantagem perante um Sp. Braga que teria forçosamente de crescer após o golo sofrido.

Mas isso não aconteceu: o Sp. Braga não cresceu. Desnorteou-se. Perdeu-se nas águas do Tejo perante um Belém que, conhecedor destes mares, empurrou os arsenalistas para um fundão.

Ah! E Rosa não só foi a jogo (entrou para o lugar de André Sousa) como marcou num oportuno desvio de cabeça na primeira vez de tocou na bola.

Paulo Fonseca tentou pôr remendos no barco para que este voltasse à superfície. Lançou o matador Hassan em jogo mas foi outro atirador que fez mossa: Tiago Caeiro, em mais um lance em que a defesa do Sp. Braga revelou muitas debilidades, saltou entre dois adversários e fez o 3-0 após livre teleguiado de Carlos Martins.

Do lado do Sp. Braga, Rafa e Josué ainda foram a jogo. São outra loiça, sim, mas não havia forma de juntar os cacos em pouco mais de 15 minutos.

Pela primeira vez em 2016, o Belenenses triunfou na condição de equipa visitado em jogos para a Liga. A última vitória tinha acontecido a 21 de dezembro, na estreia de Julio Velázquez à frente dos azuis do Restelo.

O Belenenses soma agora 32 pontos na Liga. A manutenção, única meta até agora assumida pela equipa técnica, está praticamente assegurada.

E agora? O que se segue, señor Velázquez?