Até onde esticas a história, Nuno Manta? O leitor que nos perdoe, mas estas linhas têm de começar com um grande elogio a Nuno Manta Santos. Aquilo que o treinador «fogaceiro» fez com este Feirense é a todos os níveis notável. Depois de ter alcançado há várias jornadas a permanência histórica para o clube de Santa Maria da Feira, o homem que está nesta casa há duas décadas, continua a escrever páginas douradas.

Neste sábado, o técnico feirense conduziu o conjunto azul ao primeiro triunfo diante de um dos «grandes», derrotando um Sporting que nunca conseguiu incomodar verdadeiramente a estrutura montada pelo adversário.

E só aqui, entram as primeiras palavras para os lisboetas. Que não podem manter o tom elogioso, perante a amostra deixada nesta noite. Depois de um pastel de belém aziago para o leão na jornada anterior, seguiu-se uma fogaça também indigesta, para uma equipa que fez muito pouco para ser feliz e que desespera pelo fim deste campeonato.

Leão adormecido mesmo em vantagem


O Sporting entrou em campo a saber que, com a derrota do V. Guimarães diante do Benfica, já ninguém lhe tirava o terceiro lugar e, consequentemente, um lugar no play-off da Liga dos Campeões da próxima época.

Porém, nem esse conforto pode justificar a entrada apática da equipa orientada por Jorge Jesus. É verdade que foi o conjunto leonino a inaugurar o marcador (19') – num lance em que Gelson foi felino a perceber onde a bola ia cair após dois toques de cabeça no interior da área dos «fogaceiros» - mas essa foi a primeira vez que criou perigo.

Até então, apenas se vira uma boa oportunidade para o Feirense, com Rui Patrício a negar o golo a Etebo, e um Sporting com um jogo demasiado desligado para conseguir ultrapassar a bem organizada defesa feirense.

Perante o jogo a que se assistia, ninguém terá estranhado que a vantagem dos leões durasse apenas cinco minutos. O Feirense conquistou um livre no corredor esquerdo, Tiago Silva bateu a bola em arco a fugir para a baliza de Patrício, que fica à espera de um desvio que não surge, e já não reage a tempo de impedir o golo do médio «fogaceiro».

Com o Sporting a revelar incapacidade de acelerar o ritmo que impunha no jogo, foi mesmo a equipa da casa a voltar a estar perto do golo, com Etebo a fazer o que quis de Schelotto, deixando Karamanos na cara do golo, para uma excelente intervenção de Rui Patrício.

«Efeito Belém» prolongado na Feira

Na segunda parte, o jogo do leão manteve-se sonolento e previsível. O Feirense, por seu turno, foi em busca da felicidade e, mesmo sem ter sido muito constante no ataque à baliza de Rui Patrício, mostrou-se sempre mais interessado em desempatar o resultado.

E consegui-lo-ia. Em mais uma arrancada fulgurante, Etebo ganhou em velocidade a Rúben Semedo que foi obrigado a recorrer à falta dentro da área para travar o nigeriano.

Chamado a converter a grande penalidade, Tiago Silva, jogador emprestado pelo Belenenses ao Feirense, não tremeu e deu a vitória, histórica, repita-se, ao conjunto de Santa Maria da Feira.

E isso aconteceu, também porque, tal como na jornada anterior, o Sporting foi incapaz de reagir à adversidade. 

Tentou, aproximou-se com mais perigo da baliza adversaria, mas aí surgiu um milagreiro Vaná a impedir o empate de forma decisiva por três vezes.

Ou seja, acordou demasiado tarde este leão que se arrasta de forma penosa nesta ponta final do campeonato.