O Estoril voltou a vencer no Restelo 37 anos depois para o campeonato (1-3) e fê-lo com uma grande exibição, que até merecia mais golos.

Sabem quando uma equipa está aflita e só se importa com ganhar, não como ganha? Aconteceu o contrário disso!

O Estoril, que estava apenas com mais cinco pontos da zona de despromoção, fez noventa minutos de grande qualidade, mostrando uma maturidade e ideia de jogo que nunca tinha mostrado com os outros dois treinadores que teve. Já o Belenenses, tranquilo na tabela, viveu de «esticões» no jogo, de lances individuais e da bola parada.

Pedro Emanuel voltou a usar Matheus Oliveira como «oito», à frente de Diogo Amado, colocando Allano na direita, o regressado Licá na esquerda e na frente a dupla Carlinhos e Kléber.

O Belenenses voltou ao 4-4-2, depois da derrota no Dragão, com Yebda e Vítor Gomes no miolo, Maurides em dupla com um «nulo» Camará na frente e Miguel Rosa e Diogo Viana ocuparam as alas.

Desde logo se tirou a fotografia a este encontro: os Canarinhos a tentar através do jogo apoiado, da construção chegar à área adversária, o Belenenses a abusar do jogo direto.

E até foram os homens de Quim Machado a criar os primeiros calafrios. Primeiro (8’) foi através de um lançamento longo de linha lateral e depois (9’) após uma bola longa nas costas da defesa, sempre com Miguel Rosa a rematar de primeira por cima do travessão.

Só que o Estoril marcou um minuto depois, materializando a posse e a organização em golo. Allano recebeu na direita, fez a diagonal para dentro e rematou. A bola até saiu frouxa, mas Cristiano largou para a frente e Kléber apareceu para desviar!

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Se o Belenenses já não estava bem, e se Yebda e Vítor Gomes já só viam a bola passar-lhes por cima, com o golo tudo piorou. Matheus Oliveira agarrou o jogo e com a ajuda de Carlinhos começou a fazer o queria no meio-campo.

Era um maestro com bola e, pasme-se, um leão sem ela. Muito forte na recuperação defensiva, faceta que pouco demonstrara até aqui. Diogo Amado e Matheus Oliveira foram sempre mais fortes na luta que os dois do Belenenses e isso fez toda a diferença.

Todavia, e o futebol é pródigo nisso, contra a corrente do jogo o Belenenses empatou. Edgar Ié desequilibrou na primeira vez que arrancou com bola para o meio-campo ofensivo e lançou Florent na esquerda. O cruzamento saiu com conta, peso e medida e Maurides nas alturas fez o quinto golo no campeonato, ele que foi reforço de inverno.

Isto foi aos 22’, mas a «verdade» no marcador foi reposta dois minutos depois. Tudo começou na inteligência e visão de Matheus, que descobriu Kléber na esquerda. O ex-FC Porto recebeu, olhou para a área (que passividade defensiva) e cruzou tenso. Carlinhos passou por cima da bola, o que enganou os defesas e deixou Allano sozinho na zona do penálti. Recebeu e fez o segundo do Estoril.

Resposta imediata que nem permitiu o Belenenses mudar o «chip» da busca pelo resultado. Só que para o alcançar nunca o fez em posse, organizado, foi sempre nos tais «esticões».

Até ao intervalo nota apenas para uma cabeçada de Kléber para as mãos de Cristiano.

No segundo tempo, o Estoril recuou um bocadinho as linhas, por estratégia, e quis explorar as costas do Belenenses. Os homens do Restelo subiram, a pedido dos Canarinhos, mas limitavam-se a fazer o seguinte: bola nas faixas e balão na área. Resultado? Zero!

Já o Estoril conseguiu sair bem no contra-ataque e logo no início da segunda parte teve duas vezes oportunidades para marcar. Kléber atirou para grande defesa de Cristiano e Carlinhos isolado atirou ao lado.

Carlinhos, que fez um belo jogo, falhou à primeira, mas na segunda tentativa, fez um grande golo. Remate com a parte exterior do pé, quando o relógio dizia que faltavam sete para o fim.

Do Belenenses apenas dois lances. Miguel Rosa em lance individual para defesa de Moreira e de longe Diogo Viana para grande defesa do guardião estorilista.

Três pontos que afastam o Estoril dos lugares perigosos e que mostram que a equipa andou perdida durante muitos meses.