[artigo atualizado]
O empate do FC Porto em Braga (1-1) atrasou a equipa de Nuno Espírito Santo, mas mantém os dois candidatos ao título à distância de apenas três pontos, que pode ser anulada com um jogo apenas.
Já sabíamos, desde o clássico, que não há desempate por confronto direto e que o título pode ser disputado golo a golo.
A vantagem está do lado encarnado, único clube que depende apenas dele próprio para ser campeão, mas a proximidade dos dragões e os números que tanto uma equipa como outra têm abrem possibilidade a um cenário nunca antes visto no futebol nacional: é pouco provável, mas o título até pode ser discutido num outro Benfica-FC Porto.
A história primeiro
Por sete vezes no campeonato português, primeiro e segundo classificados terminaram com os mesmos pontos. Os dois protagonistas desta louca corrida de 2016/17 estiveram nessa situação em quatro ocasiões: em três o campeão foi o FC Porto, numa foi o Benfica.
O primeiro tricampeonato das águias completou-se com a Liga 1937/38. Uma edição em que o FC Porto terminou com os mesmos 23 pontos. No entanto, aquele fator que já não existe esta época prevaleceu na altura: o Benfica vencera 3-1 nas Amoreiras e empatou no Lima 2-2. Foi campeão pelo confronto direto: um critério contestado pelos portistas, como referem os almanaques dos clubes. Na época seguinte, diga-se, o dragão vingou-se e não deixou as águias chegar ao tetra.
O primeiro grande jejum do FC Porto, de 16 anos, acabou em 1955/56. Outra vez ombro a ombro com os rivais lisboetas, mas desta vez com o confronto direto a pender para os azuis e brancos: 3-0 nas Antas, 1-1 na Luz.
Em 1958/59, Inocêncio Calabote entra para a história do campeonato português, acusado pelos portistas de favorecimento ao rival na última jornada. Este é o primeiro título a ser resolvido pela diferença de golos: 41 pontos para cada lado, +59 golos para o FC Porto e +58 para o Benfica. Os 7-1 aplicados pelos encarnados na útima jornada encurtaram uma distância considerável à entrada para essa ronda. Os dragões venceram um título que só voltariam a festejar 19 anos depois.
A última vez que o Benfica tentou o tetra
Pois bem, e como iriam os dragões celebrar ao fim de quase duas décadas de jejum? outra vez pela diferença entre golos marcados e sofridos.
Esse é um Benfica tricampeão, com Mortimore ao comando. Não perde nenhum jogo do campeonato, mas o tetra esfuma-se com o empate (1-1) nas Antas, somado ao 0-0 da Luz, na primeira volta (os golos fora não valiam mais).
Os dragões saem com um ponto de vantagem, empatam na ronda seguinte, mas o triunfo vale apenas dois pontos e as duas equipas entram para a ronda final empatadas: a diferença de golos, porém, traz um vencedor anunciado.
Os encarnados precisam de recuperar 15 golos num jogo, caso o FC Porto vença. Só esta última condição acontece e o dragão acaba com 19 anos sem o título de campeão. Foi a última vez que o Benfica esteve a lutar pelo tetra, até esta época.
As contas
O confronto direto foi posto na gaveta no clássico, a proximidade pontual ainda é uma realidade, assim como os golos marcados e sofridos pelas duas equipas. Portanto, se FC Porto e Benfica terminarem com a mesma diferença de golos, e neste momento os portistas têm dois de vantagem, abre-se uma outra possibilidade. É campeão quem tem mais vitórias, conforme indica o regulamento da Liga. O Benfica, neste momento, tem 22, o FC Porto 20.
Se o Benfica empatar três jogos e o FC Porto perder um, por exemplo, podem as duas formações terminar, também aí, empatadas. E agora segue-se o penúltimo critério de desempate: golos marcados. Estamos com 61 para Benfica e 63 para o FC Porto.
Pouco provável? Sim, mas possível, portanto, que o campeonato termine com Benfica e FC Porto igualados em pontos, diferença de golos, número de vitórias e golos marcados.
O que se seguiria? Uma final.
Um só jogo, disputado em campo neutro designado pela Liga.
Nunca é demais sublinhar que o Benfica lidera com mais três pontos que o FC Porto e o Sporting nas últimas jornadas encurtou distâncias e matematicamente ainda pode ir à luta.
O cenário de haver uma final para decidir o campeão pode ser remoto, inaudito mesmo. Mas que é possível, é.
E será bom não esquecê-lo porque esta Liga disputa-se ponto a ponto e golo a golo.