A FIGURA: Bryan Ruiz

Quando se fizer a história desta Liga saltará à vista um capítulo em que por dois palmos Bryan Ruiz falhou um golo de baliza aberta que valeria um empate no clássico frente ao Benfica, suficiente para favorecer o Sporting nas contas do título. Tal como também poderá ser recordado um outro, imediatamente anterior, em que o costa-riquenho também falhou no momento decisivo um remate que poderia ter valido a vitória em Guimarães, em vésperas do clássico. Mas, sejamos justos. Ruiz merece ser lembrado por tudo o que de bom trouxe ao futebol leonino: visão de jogo, inteligência, qualidade no drible, critério de passe… Em suma, classe. Hoje, na despedida da Liga e do título, ele voltou a brilhar. Entrou com ganas, num lance em que driblou meia defesa do Sp. Braga, assistiu Teo para o primeiro golo e em seguida isolou William, provocando a expulsão do central Arghus. Tudo isto antes de na segunda parte ter dado corpo à goleada do Sporting ao apontar dois golos. A exibição de gala não chegou para alcançar o título e não deixa de ser uma fraca e desgostosa consolação para o «mago» costa-riquenho. Quem recordar a história desta Liga com olhos de ver far-lhe-á a devida justiça.

O MOMENTO: Minuto 21’. Virtualmente campeão, por menos de cinco minutos

João Mário faz a abertura para Bryan Ruiz, que cruza rasteiro para a área, onde Teo Gutiérrez aparece sozinho na cara de Marafona e remata para o fundo das redes. Golo! Uma jogada bela de simplicidade colocava o Sporting em vantagem no marcador e como líder naquele momento da Liga. O Sporting era campeão virtual, mas esse «título» esfumar-se-ia em menos de cinco minutos, assim que desde a Luz surgiu a notícia de que Gaitán também colocava o Benfica a vencer frente ao Nacional.

NEGATIVO: Incidentes entre adeptos

Estava-se mesmo a ver... Excetuando o setor destinado às claques do Sporting, adeptos das duas equipas estavam misturados nas bancadas e bastou um pequeno grupo de arsenalistas comemorar um golo do Benfica na Luz para servir de rastilho aos desacatos no final da primeira parte ali bem perto do banco leonino. A polícia e os assistentes de segurança tiveram de intervir e até Jorge Jesus se aproximou a bancada para tentar acalmar os ânimos.

OUTROS DESTAQUES:

João Mário

Por ausência de Adrien, castigado, teve de derivar do flanco direito para o centro do terreno e foi, como esperado, decisivo na organização ofensiva da equipa de Jorge Jesus. Nos seus pés começa o lance do primeiro golo. Se há figura a destacar pela sua influência e evolução no extraordinário campeonato do Sporting é João Mário. Um talento puro.

William Carvalho

Com o «pulmão» de sempre segurou as pontas no meio-campo defensivo dos leões e foi determinante em alguns momentos do jogo. Por exemplo, isolou-se e forçou a expulsão de Arghus logo aos 24'. Já no segundo tempo, esteve a centímetros de um golo merecido aos 63'.

Bruno César

Quando Jorge Jesus opta por uma equipa com um pendor mais ofensivo o médio brasileiro recua para a posição de lateral-esquerdo. E hoje voltou a dar bem conta do recado. As poucas preocupações defensivas criadas pelos minhotos deixaram-lhe via livre para acelerar pelo flanco esquerdo. Num desses lances descobriu com um cruzamento bem medido a cabeça de Slimani para o 2-0.

Slimani

Na mais que provável hora da despedida, o argelino voltou a ser letal. Marcou o 0-2 e assistiu Ruiz para o 0-3. Fez o 27.º golo na Liga e o 31.º na sua melhor temporada de sempre. No final, entregou a camisola aos adeptos. Até sempre, «Super Slim»!  

Josué

Foi o mais inconformado na equipa minhota. Lutou muito a meio-campo e lá na frente quase marcou: aos 87’, num livre que saiu bem perto do poste, e antes disso aos 74’, quando com Rui Patrício fora da baliza tentou o chapéu. Saiu uns centímetros comprido. A aba larga impediu o tento de honra. Ninguém o merecia mais do que o médio emprestado aos bracarenses pelo FC Porto.  

Rafa

É um jogador à parte neste Sp. Braga. A sua habilidade e velocidade tornam-no um caso sério em termos de progressão com a bola nos pés. Hoje, essa centelha de talento fez-se notar nos primeiros momentos de jogo, mas durou pouco. Rafa foi perdendo a chama e acabou por se apagar em definitivo com a substituição aos 54’.

Djavan

Do lado esquerdo da defesa teve a difícil tarefa de marcar Gelson e evitar as combinações entre o veloz extremo leonino e o lateral Schelotto. O brasileiro ex-Benfica não só cumpriu em termos defensivos como até foi dos jogadores da equipa de Paulo Fonseca que mais se atreveu no ataque. Numa das suas incursões, aos 61’, foi derrubado por William à entrada da área, mas o árbitro perdoou a falta e o cartão ao médio leonino.