Figura: Alex Telles, o culminar de uma semana em cheio

43.º jogo da época. Quem diria? Cansa só de vê-lo correr no flanco esquerdo. Para além do habitual número de cruzamentos bem medidos como o que resultou no 2-0, o brasileiro destacou-se pelo golo que abriu caminho ao triunfo azul e branco. Não tremeu na cobrança da grande penalidade e deixou o FC Porto a respirar melhor. Um dia depois de ter sido chamado pela primeira vez à seleção do Brasil, foi uma das figuras dos dragões, como em tantas outras noites. Decisivo.


Momento: minuto 55, Telles indica o caminho para a liderança

O Dragão começava a ficar impaciente, após uma mão cheia de oportunidades desperdiçadas no primeiro tempo. O FC Porto apresentou-se melhor no arranque do segundo tempo, circulou a bola mais rápido e com mais fluidez. E não tardou a colher dividendos do crescimento na partida. O recém-entrado Manafá ganhou a linha do fundo, fez o passe atrasado para o remate de Soares que bateu no braço de Gamboa. João Capela foi alertado para a irregularidade cometida pelo jogador insular, foi ver as imagens e marcou penálti. Alex Telles bateu de forma irrepreensível e desbloqueou o jogo.

Outros destaques:

Charles:
o melhor elemento do Marítimo, o que diz muito acerca da tendência do jogo. Parou tudo o que foi possível durante quarenta e cinco minutos. Abriu o livro com uma «mancha» aos pés de Marega (30’) e, depois, assinou a defesa da noite num voo picado após cabeceamento do maliano (45+1). Na segunda parte mostrou boas mãos a travar um remate fortíssimo de Alex Telles (62'). Mostrou-se sempre seguro, sobretudo na saída aos cruzamentos. Não foi por Charles que o Marítimo deixou o Dragão de mãos a abanar.

Lucas Áfrico: desastrado. Esteve apenas oito minutos em campo. Ocupou o lugar de Zainadine (lesionado) e viu o cartão vermelho direto por travar Marega quando este seguia para a área. Segunda expulsão direta na época depois da entrada arrepiante sobre Wendel, em Alvalade. Tornou a tarefa da sua equipa quase impossível e não aproveitou nem um pouco a oportunidade que Petit lhe concedeu.

Manafá: o FC Porto passou meia parte a suspirar por um lateral com as características do ex-Portimonense. Conceição leu bem o jogo e lançou Manafá para o lugar de Pepe ao intervalo, colocando Militão ao lado de Felipe no eixo defensivo. Acabou por ser uma alteração decisiva no desfecho do jogo, visto que foi a passe do luso-guineense que Soares rematou contra o braço de Gamboa. Velocíssimo, ofereceu a largura e profundidade que foram faltando aos portistas na primeira parte, embora nem sempre tenha definido bem. Teve impacto no jogo e, por isso, merece estas linhas.

Corona: não foi o melhor jogo do mexicano no capítulo a decisão. Contudo, Tecatico inventou os melhores lances do FC Porto, especialmente no primeiro tempo. Fartou-se de «limpar» camisolas verde-rubras, somou lances receções impressionantes, arriscou o remate (28’) e assistiu Brahimi para o último golo (89'). Ouviu alguns assobios (injustamente) após alguns lances em que perdeu a bola. O internacional azteca foi o único que ousou arriscar, que percebeu que a equipa precisava de rasgo, ainda mais sem Brahimi e Óliver.

Militão: a diferença de rendimento a lateral e a central é inegável. O internacional brasileiro pode ser um central de classe mundial ou apenas um bom lateral. Revelou-se intransponível quer numa posição, quer na outra. No meio tem uma característica que nem Felipe nem Pepe têm: a capacidade para sair a jogar tanto apoiado como longo. A fluidez do jogo dos dragões no segundo tempo tem muita influência do novo jogador do Real Madrid. Culminou a boa exibição com um golo, o quarto golo da época.