O Belenenses venceu o Marítimo no Estádio Nacional por 2-0 no duelo entre as duas equipas que estavam acima da linha de água, reforçando a vantagem sobre o Farense, penúltimo classificado, para oito pontos a sete jornadas do final. A equipa de Petit foi mais pragmática e tirou máximo proveito de uma grande penalidade para adiantar-se no marcador, antes de matar o jogo nos últimos instantes do jogo. Os «azuis» somaram, assim, o 15.º ponto nas últimas dez jornadas, para chegar à barreira dos trinta e cavaram ainda a distância para os madeirenses para seis pontos.

As duas equipas vinham a fazer percursos muito idênticos nesta fase da Liga, com os dois emblemas a somarem apenas duas vitórias nos últimos dez jogos, curiosamente sobre os mesmos adversários, Nacional e Farense, que ocupam os últimos lugares da classificação. A derrota do Farense, na véspera, e tendo em conta que o Nacional vai defrontar o FC Porto este domingo, tornava o jogo deste domingo ainda mais importante para as aspirações dos dois emblemas que podiam ganhar aqui uma margem de conforto para a última etapa do campeonato.

Era importante, portanto vencer, mas as duas equipas, com muitas alterações nos respetivos onzes, entre regressos, lesões e castigos, apresentaram-se de forma muito conservadora em campo, assumindo desde logo que, mais importante do que marcar, era não sofrer. O Belenenses apresentou-se no tradicional 3x4x3, determinado a evitar choques na zona central, insistindo, desde o primeiro instante, em lançamentos longos para os três homens da frente.

O Marítimo de Julio Velázquez, por seu lado, espalhou-se no relvado com uma linha defensiva de quatro, reforçada na zona central com Renê Santos e Jean Irmer, deixando Alipour, Pelágio e Edgar Costa para o apoio direto a Joel Tagueu, mas também sem correr muitos riscos, insistindo também nos pontapés longos para as costas da defesa dos azuis.

A primeira parte foi, assim, uma espécie do jogo do mata, com a bola a sobrevoar constantemente os jogadores do meio-campo, mas com as defesas, de frente para a bola, a ganharem a maior parte dos duelos com os avançados. O Belenenses até tentou entrar mais subido, mas as primeiras oportunidades fora m dos madeirenses. Logo a abrir o jogo, numa transição rápida, Winck lançou Alipour em velocidade, o iraniano a descer pela direita e a rematar junto ao primeiro poste para defesa apertada de Kritciuk. Na sequência do canto, Karo entrou de rompante na área e cabeceou por cima.

Estavam decorridos quatro minutos de jogo e estas foram as melhores oportunidades dos madeirenses antes do jogo entrar na tal espécie de ping pong, com a bola a viajar de uma área a outra, vezes sem conta, sem grandes oportunidades de perigo. Nas poucas vezes em que os jogadores assentavam a bola no relvado e procuravam sair a jogar, o jogo era interrompido com faltas. Julio Velázquez não escondia a sua frustração junto à linha, dando indicações à sua equipa em plenos pulmões, mas o jogo prosseguiu na mesma toada, com o Belenenses a parecer mais confortável neste cenário de parada e resposta.

Foi neste contexto que surgiu a grande penalidade para o Belenenses, aos 35 minutos, com Cassierra, embalado, a entrar na área e a ser derrubado por Lucas Áfrico que chegou atrasado à intecepção. António Nobre não teve dúvidas, apontou para a marca dos onze metros e Miguel Cardoso atirou a contar, com um remate colocado. Cassierra ficou tocado no lance que deu origem ao castigo máximo e Petit aproveitou para dar consistência à sua equipa com a entrada de Cafu Phete, de volta à equipa depois de ter cumprido um período de isolamento depois de ter regressado da África do Sul, onde esteve ao serviço da seleção.

Até ao intervalo, o Marítimo só conseguiu reagir de bola parada, com Hermes, na marcação de um livre, a atirar à figura de Kritciuk. O Belenenses conseguia, assim, uma vantagem importante, numa primeira parte em que concedeu poucas oportunidades aos madeirenses.

Julio Velazquez não esperou mais e mudou tudo para o segundo tempo, lançando Rafik Guitane e Rodrigo Pinho, para relançar a sua equipa num 4x3x3. Os madeirenses procuraram assumir a condução do jogo, agora com Alipour, Rodrigo Pinho e Tagueu bem abertos no ataque, procurando aumentar a intensidade do jogo. Diante de um Belenenses mais recuado, os madeirenses tiveram uma série de oportunidades para chegar ao empate, com Guitane, Alipour e Tagueu a colocarem sucessivamente Kritciuk à prova.

Petit, que tinha começado a segunda parte do banco, teve de se levantar para dar indicações à sua equipa para subir no terreno. Os azuis conseguiram reequilibrar o jogo, que voltou a ficar repartido até aos instantes finais. Os madeirenses ainda voltaram a por em causa a curta vantagem dos azuis, mas a equipa da casa acabou por sentenciar o jogo, a dois minutos do final, depois de um bom lance de Miguel Cardoso, sobre a direita, onde escapou a dois adversários antes de servir Francisco Teixeira para u m surpreendente remate com o pé esquerdo.

A efusiva festa dos azuis deixou bem clara a importância desta vitória que permite ao Belenenses chegar à marca dos trinta pontos e começar a preparar mais uma temporada no principal escalão do futebol português. O Marítimo, por seu lado, vai ter de continuar a lutar até ao fim para fugir aos últimos lugares.