Felipe admitiu que mudou um pouco o estilo quando chegou ao FC Porto. O central brasileiro explicou que ficou «mais agressivo» porque sentiu «desrespeito por parte dos adversários, das equipas inferiores» em relação aos azuis e brancos.

Em entrevista ao Goal, o defesa portista afirmou que vive «o melhor momento da carreira» e considerou que proporcionou uma ligeira mudança no plantel azul e branco, no qual continua apesar das propostas recebidas quer na temporada passada, quer nesta.

«Mudei um pouco as minhas características depois de ter deixado o Corinthians», disse Felipe, que explicou de seguida: «Notei um pouco de desrespeito por parte dos adversários, das equipas inferiores, com o FC Porto. Então resolvi mudar um pouco o meu jeito, fiquei um pouquinho mais agressivo [risos]. Essa minha nova marca foi muito interessante, e tenho-me mantido assim. Essa minha agressividade, ser um pouco mais duro, trouxe algo à equipa.»

Questionado sobre se o coletivo portista ficou também ele mais agressivo, Felipe respondeu: «Creio que qualquer equipa precisa de ter alguém com essa firmeza. Não posso dizer que mudei toda a equipa, não é bem assim, mas trouxe esse pouquinho [de agressividade]. Fiz isso para ajudar, não para atrapalhar. Já estou na minha terceira temporada no clube, vejo que o meu perfil só acrescentou. Mas, repito, não posso dizer que toda a equipa mudou por causa de mim, até porque cada jogador tem o próprio talento, cada um acrescenta de uma forma diferente.»

Essa maior agressividade levou a que os rivais o apelidassem de “Vale-Tudo”. O central viu nisso «um alimento, um combustível» que levou a equipa ao título e até apela a que os adversários o continuem a chamar assim.

Felipe não se considera um jogador maldoso – «uma hora ou outra, por causa de um adversário mais rápido, acabo acertando, mas isso é futebol» - e observa que a rivalidade em Portugal «vai muito além do futebol, a mensagem que é transmitida é um pouco mais agressivo».

Para esta época, Felipe considera que o FC Porto «não teve uma mudança absurda» em relação àquele que se sagrou campeão nacional. «As perdas [de jogadores] não atrapalharam em nada, e o Sérgio [Conceição, treinador] é inteligentíssimo, sabe muito bem montar a equipa e também notar o que é preciso, não há nada muito grande que venha a causar preocupação», argumentou.

Para além disso, está a exigência do técnico que não deixa ninguém acomodar-se: «Ele tem mesmo essa rédea nas mãos, puxa mesmo. Isso, claro, sem fazer o jogador perder a confiança. Está sempre a cobrar, reconhece que o jogador pode dar mais, mesmo que o jogador esteja a viver o melhor momento. Ele foi jogador, então sabe como é.»

No FC Porto, Felipe encontrou Iker Casillas, «um cara normal, dos que mais cobra no dia a dia» e, interrogado sobre se o espanhol é um chato, o central atirou: «Sim, podemos até usar a expressão. Ele cobra bastante mesmo. Hoje, quando olho para trás e vejo o Casillas, vejo muita história, muita experiência, e fico tranquilo. Sei que, caso aconteça algo de errado, ele está ali para resolver. Mas não digo só por ele também, porque dependemos todos da equipa no geral. Bom... Nunca vou acostumar-me com o Casillas [risos]. É mesmo uma referência.»

Por fim, Felipe espera por uma oportunidade na seleção brasileira e quando colocado perante a expressão de que um defesa central não pode ser bonito, rematou: «Já ouvi muitas vezes. Isso é um bom sinal, né? Quer dizer que sou bonito [risos]. Quando iniciei a minha carreira, o meu pai mesmo me cobrava muito sobre isso. Ele, aliás, foi a pessoa que nunca me deixou desistir do futebol. Quando estava para começar uma pré-temporada no União Mogi, ele queria que eu corresse todos os dias e fizesse academia, e ele falava exatamente isso para mim: "Você acha que só porque é bonitinho, tem cabelo loiro e olho verde é que vai chegar e jogar?". Aquilo me incomodou um pouco, porque sabia que era verdade. "Acordei" e comecei a treinar mais forte. Sempre tive que brigar pelo meu espaço, e felizmente tudo caminhou bem. Devo tudo ao meu pai. Hoje procuro tentar fugir um pouco disso [da beleza], também por causa da agressividade.»