O leão está feito num oito. O que neste caso não é necessariamente mau. Pelo contrário. Traz muitas mais vantagens do que prejuízos, porque o 8 de que se fala traz futebol e ambição a uma equipa que, por fim, vai ter um tempo para respirar e saborear por mais do que meras horas um triunfo, neste caso este sobre o Rio Ave, neste domingo.

Uma vitória que nasceu do mais imaginativo dos jogadores em campo: Bruno Fernandes, bem ajudado por Gelson Martins, que trouxe Peyroteo na camisola e os golos nos pés. Uma vitória antes do limite do tempo e antes do limite das pernas, frente a um Rio Ave que cumpriu o anunciado, jogar como sempre. O leão até foi descansar mais cedo desta vez, aos 84 minutos quando Bas Dost colocou bola na baliza, fez o 2-0 final, e recolocou distâncias na tabela.

Jorge Jesus lançou o leão com garras diferentes nesta noite: Piccini voltou à direita, Rúben Ribeiro defrontava a antiga equipa. O que não mudou foi Bruno Fernandes. Aos cinco minutos já tentava descobrir Bas Dost, aos 20 atirava à trave, de livre, isto depois de o holandês desperdiçar como não costuma: na cara de um guardião.

Essa jogada dos 13 minutos espelha bem como o  encontro se disputou. O Rio Ave teve mais bola do que o Sporting, tentou sempre sair a jogar desde a defesa. Não só já se sabia, como foi publicamente anunciado. A pressão leonina foi alta, mas também foi maior assim que Pelé ou Leandrinho recebiam no miolo. Battaglia e William encostavam logo, ora para um duelo físico ora conseguindo antecipar-se. Foi o que sucedeu aí e foi esse o risco vila-condense. Faltou, porém, acutilância aos visitantes.

Durante muito tempo, o Sporting esteve confortável à espera do erro. Sentiu-se bem nesse papel, pois o Rio Ave trocava e trocava a bola, mas nem conseguia vislumbrar Patrício. Depois, lá está, chegou o erro.

E qual foi a falha visitante? Não desconfiar de Bruno Fernandes. O 8 viu antes de todos os outros, fugiu quando a bola estava fora, serviu Bas Dost e o holandês serviu Gelson. Gelson serviu, então, o golo à bancada. Um lance belo, um lance de um Sporting «italiano» como lhe chama o treinador.

Já o Rio Ave mantinha-se fiel ao que é e, por fim, chamou Patrício ao jogo num pontapé de Yuri Ribeiro, que foi desviado, enquanto Cássio adiava para a segunda parte o 2-0.

Isso fazia o Rio Ave acreditar, mas a memória para se fazer aquele jogo de posse, em que a bola vai de um pé para o outro, quase sempre curta, retirou visão de baliza aos vila-condenses. Por outras palavras, parece até que quando o Sporting permitia uma transição rápida ao Rio Ave, a equipa de Miguel Cardoso estava tão formatada que não a aproveitava.

Assim, tornou-se lenta, mesmo que João Novais tenha tido remate forte aos 57 minutos. Portanto, quando Gelson arrancou pela direita e encontrou Bas Dost, o 28 cravou o 2-0 por fim, já depois de as balizas de Alvalade tremerem com remates ao ferro de Coentrão e, lá está, Bruno Fernandes.

O holandês mandou toda a gente descansar, atirou Wendel para a partida e o Sporting para três pontos do Benfica e cinco do FC Porto. Já agora, tem mais quatro do que o Sp. Braga, mas enquanto a ambição de Bruno Fernandes e a pontaria de Bas Dost durarem, este leão só olha em frente.