Com a cabeça na Luz e o Sporting pela frente, o FC Porto logrou fazer a sua parte. Venceu o leão com uma reviravolta cheia de alma, coração e orgulho, mas não conseguiu renovar o título de campeão nacional.

A goleada do Benfica frente ao Santa Clara na Luz impediu o Dragão de festejar pelo segundo ano consecutivo. No entanto, ninguém pode desvalorizar um Clássico, especialmente este que serviu de ensaio para o que se segue na semana seguinte, no Jamor, e que vale um título.

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Sérgio Conceição recuperou o 4x3x3 com Marega e Corona no apoio a Soares. Não se pode dizer que a mudança do esquema habitual tenha surpreendido os leões, fiéis ao 3x4x3 enquanto tiveram onze jogadores em campo. Aliás, os primeiros vinte minutos jogaram-se a um ritmo lento, sem situações dignas de registo junto de ambas as balizas.

O jogo, porém, mudou de figurino pouco depois do quarto de hora. Um canto ofensivo a favor do Sporting terminou com a expulsão de Borja. Difícil de acreditar e compreender, caro leitor, não concorda?

Bruno Gaspar foi réu e Borja o sacrificado. Após um atraso horrível do lateral-direito, o colombiano travou Corona quando este seguia isolado e recebeu ordem de expulsão, depois de Fábio Veríssimo ter revisto o lance. Naturalmente, o leão encolheu as garras e tentou não ser engolido pelo dragão.

Pouco depois da expulsão, Conceição optou por resgatar o 4x4x2 tradicional: Corona ocupou a esquerda e Otávio desviou do corredor central para a faixa direita. Os azuis e brancos, não só pela mudança de esquema tático, melhoraram e criaram verdadeiramente ocasiões para chegar à vantagem.

Marega deu o mote e assustou Renan com um pontapé de pé esquerdo (23’). Pouco depois, o maliano chegou mesmo a introduzir a bola na baliza verde e branca, mas o lance foi invalidado por posição irregular (36’). Os campeões nacionais - ainda o eram por esta altura – ameaçavam o golo. E, não será heresia escrever que o mereciam: acabaram a primeira parte com dez remates contra nenhum do Sporting, por exemplo.

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Para além de duas mãos cheias de interrupções e de protestos - um cheirinho de Clássico - Alex Telles viu Renan evitar um 1-0 na cobrança de um livre direto (42’).

Ao intervalo Brahimi e Manafá substituíram Pepe e Otávio (apagadíssimo). Independentemente do que acontecia na Luz, o FC Porto queria despedir-se da Liga com um triunfo.

Pese embora as alterações feitas, os azuis e brancos não asfixiaram o adversário e tampouco o assustaram. Somaram passes errados, perdas de bola pouco habituais, enfim, pareciam algo apáticos.

O lance do golo do Sporting é sintomático. Corona falhou um passe lateral e permitiu o corte a Acuña. Diaby deu para a argentino que serviu Luiz Phellype para um golo fácil (60’). 0-1 para os leões no primeiro disparo à baliza.

O golo foi o tónico que o FC Porto precisava. De orgulho ferido, os dragões cerraram os dentes e foram atrás do resultado. Com tamanho espaço para entrar na organização contrária, as oportunidades surgiram quase em catadupa.

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Era, sem dúvida, a melhor versão dos portistas na partida. Danilo deu o aviso em três ocasiões – acertou inclusive na trave uma vez (72’). O Comendador foi o coração e alma azul e branca. E, por isso mesmo, mereceu ser o autor do remate que deu ao empate, na sequência de um pontapé de canto (77’).

Renan por duas vezes e Mathieu – de forma incrível, diga-se – evitaram o 2-1. Contudo, nada foram capazes de fazer perante o pontapé acrobático de Herrera que confirmou a reviravolta no marcador (87’).

O jogo ficou estragado no período de compensação com uma altercação entre jogadores de ambas as equipas. Corona foi expulso, Acuña e Petrovic foram amarelados, mas a imagem que fica é a da PSP em pleno relvado. Em dois ou três minutos o futebol foi o que não deve ser.

Justo vencido ou não da Liga, o FC Porto mereceu por inteiro o triunfo no 170.º Clássico. Uma vitória que nem vai ser celebrada. Por sua vez, o Sporting merece uma palavra pela boa réplica mesmo em inferioridade numérica, conseguindo até marcar e ameaçar a vitória por cerca de quinze minutos.