*por Tomás Faustino

Jogo intenso na Choupana, com o Braga a levar de vencida uma estóica equipa do Nacional que até não entrou bem no jogo, mas que teve tudo para o ganhar até ao momento da expulsão de Zainadine. Decisão difícil de aceitar do árbitro da partida e o Nacional a agudizar a crise, enquanto o Braga volta às vitórias depois da derrota em Alvalade.

Confira a FICHA DO JOGO

O Nacional atravessava um período complicado e vinha de seis jogos sem conhecer o sabor da vitória para o campeonato (3 empates e 3 derrotas), o que a juntar às derrotas na Taça da Liga contra o Benfica e na Taça de Portugal frente ao Gil Vicente, se refletia numa entrada tímida em campo. Em relação ao jogo de Barcelos, Manuel Machado trocou oito peças, mas nem assim as coisas pareciam melhorar. A formação alvinegra apresentou-se pouco dinâmica, pouco pressionante e a falta de confiança levava a equipa a recuar em demasia no terreno, concedendo muito espaço ao adversário. Laterais pouco acutilantes em termos ofensivos, Washington muito próximo de Ghazal e muito pouco Gustavo no jogo.

O Sp. Braga, por sua vez, mostrou o porquê de ser visto cada vez mais como uma equipa grande. Após uns míseros minutos de estudo ao adversário, os guerreiros assumiram o controlo da partida. A receita parece simples de decifrar: dois laterais que mais parecem extremos, dois extremos de recorte técnico elevado que tanto dão profundidade na lateral, como fazem diagonais perigosas para o centro e dois avançados móveis que confundem as marcações contrárias. Atrás, para sair a jogar Mauro cai entre os centrais, mas a presença de Gustavo perto do brasileiro fez com que fossem Boly, sobretudo este enquanto esteve em campo, e André Pinto a conduzirem a bola até meio do meio-campo adversário. Sim, é mesmo verdade. Um central a assumir a construção de jogo no meio campo adversário.

Assim sendo, não foi de estranhar que os forasteiros chegassem primeiro à vantagem. Mauro já tinha obrigado Rui Silva a uma magnífica estirada e Rafa, após uma belíssima jogada individual, havia chutado para fora, quando Boly, esquivando-se da marcação de Zainadine, rematou de pé esquerdo para o fundo das redes, dando a melhor sequência a um canto batido por Pedro Santos.

O golo motivou uma resposta enérgica e imediata do Nacional que menos de cinco minutos depois empatou a partida. Witi aproveitou o adiantamento de Baiano, arrancou pela esquerda e cruzou para João Aurélio que, na cara de Kritciuk, rematou contra as pernas do guardião. A bola ressaltou para fora da área, onde um jogador bracarense foi infeliz no corte de cabeça e fez a bola voltar para dentro da sua área, local em que apareceu João Aurélio, oportuno e mais rápido que Boly, a dominar a bola. O central francês até estava a ser o melhor em campo, mas na tentativa de aliviar a bola acertou em cheio no jogador dos madeirenses, viu a segunda cartolina amarela e consequente vermelho. Chamado a bater a grande penalidade, Willyan não vacilou e repôs a igualdade.

Os destaques do jogo: Pedro Santos «superstar»

O jogo passou a ser mais dividido e até ao intervalo qualquer uma das equipas podia ter chegado à vantagem. Por duas vezes o Nacional, num livre directo de Zainadine que passou ligeiramente por cima e num carrinho de Rui Correia ao segundo poste, após cruzamento de João Aurélio, ao qual Kritciuk respondeu com a defesa da noite. Por uma vez o Sp. Braga, num livre directo batido por Pedro Santos que bateu com estrondo na barra. O empate conferia, assim, alguma justiça quando as equipas recolheram aos balneários.

Para a etapa complementar, Manuel Machado tirou Campos e meteu Salvador Agra, recuando o capitão João Aurélio para a lateral. A troca fez efeito e contribuiu para uns cerca de dez minutos diabólicos do Nacional, nos quais Witi e Gustavo, por três vezes, tiveram tudo para marcar. Isolados, no frente a frente com Kritciuk, nunca tiveram o discernimento necessário para marcar: por duas vezes remataram ao lado e noutras duas foi o russo quem defendeu. Pelo meio só se viu Sp. Braga numa incrível arrancada de Rafa que podia também perfeitamente ter acabado em golo, mas Stojiljkovic não aproveitou a oferta do companheiro e, na cara de Rui Silva, chutou contra as pernas do guardião.

Era o Nacional quem estava por cima, com um maior caudal ofensivo e já com um rol de oportunidades desperdiçadas, mas foi o Sp. Braga quem chegou à vantagem, numa decisão muito polémica do árbitro da partida ao expulsar Zainadine e assinalar livre directo a favor do Sp. Braga. Chamado a bater, Pedro Santos atirou forte e rasteiro, batendo Rui Silva.

Manuel Machado colocou Boubacar e tirou Witi, recuando Ghazal para central, mas de novo em igualdade numérica e após um tremendo golpe psicológico como o verificado, o Nacional revelava dificuldades em pegar no jogo e seria o Sp. Braga a chegar ao terceiro, numa cena com o suspeito do costume: Pedro Santos - quem mais? -, a cruzar para o segundo poste e Stojiljkovic a tirar partido da saída em falso de Rui Silva para aumentar a vantagem, de cabeça.

De orgulho ferido, o Nacional puxou dos galões e Salvador Agra assumiu destaque. Primeiro num livre desviado pela barreira e que por pouco não parou dentro da baliza adversária, após ter traído Kritciuk. Depois, revelando frieza na cara de Kritciuk e finalizando após assistência de Sequeira, reduzindo para a diferença mínima com que se chegou ao apito final.

Mais tempo houvesse e a história seria ainda mais enriquecida, num jogo marcado por diferentes fases no que se refere a ritmo de jogo, a domínio sobre o adversário, mas constante na emoção e intensidade que abrangeu a partida.