Dois golos, uma assistência, 3-1 no arranque da defesa do título diante de um dos adversários mais cotados da Liga. Se Telles vai embora, só haveria melhor forma de despedir-se do Dragão se houvesse público nas bancadas, a prestar-lhe a homenagem que merece.

O FC Porto venceu esta noite o Sp. Braga e, mesmo sem arrasar, mostrou segurança, consistência e maturidade para virar um resultado adverso, segurar o ímpeto adversário e sentenciar o jogo nos minutos finais.

Antes da bonança azul e branca, o temporal vindo do Minho.

Chuva, vento, frio… Tudo isto a juntar a uma pandemia, que deixa o mundo em alerta e os estádios vazios. Seria difícil encontrar um cenário mais deprimente para aquilo que devia ser uma noite de festa, como são quase todos os arranques do campeonato.

A vibração deu lugar ao eco, mas nem por isso a emoção deixa de se sentir, mesmo que remotamente.

Esta noite, os raios e coriscos começaram cedo para o campeão nacional, que aos 20 minutos começou a perder com uma «traição» de Castro, que nem festejou o seu regresso ao futebol português sete anos depois.

O que aconteceu antes disso, foi domínio portista. O que aconteceu depois, até ao intervalo, também. Com um pequeno interregno para o quase 2-0 bracarense, com um golo anulado a Ruiz mal a bola foi ao centro, momentos depois de inaugurado o marcador.

Até que o campeão acordou antes do intervalo dedicado a suprir a falta de eficácia antes de ouvir Conceição no balneário.

Aí, apareceu Telles, decidido a deixar saudades. Primeiro, num cruzamento a colocar a bola «com a mão» na cabeça de Sérgio Oliveira, depois a cobrar um penálti «à bomba», depois de Marega ter cumprido o seu papel de «cântaro que vai à fonte».

Sem Paulinho e Gaitán, Carvalhal apostou em Castro e Al Musrati como caras novas no miolo ao lado do referencial Fransérgio.

Conceição, sem o castigado Díaz e mais uma série de não inscritos, apostou nos rotinados e não apresentou reforços de início. O técnico portista escolheu um 4-3-3 para encaixar no 3-5-2 bracarense e manteve-o do início ao fim.

A perder, o Sp. Braga entrou na segunda parte afoito e só não empatou porque Ricardo Horta ficou deslumbrado na cara de Marchesín. Haveria o FC Porto de adormecer o jogo, mesmo quando a meia-hora do fim Carvalhal lançou em campo o trio André Horta-Galeno-Schettine.

Conceição atrasava as substituições, mantendo até ao limite o 4-3-3 que lhe garantia um controlo maior do jogo.

Até aos 5 minutos finais, fez apenas entrar Zaidu para o lugar de Sérgio Oliveira, já amarelado, puxando Otávio da ala para o meio. E quando Loum entrou com Taremi aos 85m, o FC Porto não mexeu na estrutura – por exemplo, Corona saiu, mas Marega foi puxado para a direita.

La na frente, ficou Taremi ao meio, que pela primeira vez que tocou na bola sofreu o penálti com que Telles haveria de bisar e acabar com as dúvidas no resultado.

Uma bola nos pés do iraniano bastou para lhe perceber o critério e inteligência com que se move, obrigando o seu marcador direto a errar. Dos reforços, também Zaidu mostrou sobre a esquerda a sua «velocidade furiosa».

Tudo sob controlo, mesmo perante um Sp. Braga que a espaços mostrou qualidade e profundidade nas opções do plantel para manter os dragões em sentido quase até final.

Arrasar, não arrasou. Mas este FC Porto fez algo que o seu treinador gosta ainda mais: mostrou maturidade para vencer um dos jogos teoricamente mais difíceis deste arranque de Liga.

Há vitórias que custam caro, outras que saem com descontos.