O Portimonense veio ao Bessa vencer o Boavista e mostrar que pode tornar bem real o sonho de chegar a um lugar europeu. Wellington afirmou-se como a figura do encontro ao apontar os dois golos e deixou os algarvios bem perto do 5.º lugar.

Mais do que o resultado, o jogo mostrou de que forma a classificação pode mexer com uma equipa, neste caso, com a do Boavista. Sem David Simão, transferido para a Bélgica, Jorge Simão voltou a apostar em Rafael Costa e Idris, colocando André Claro bem próximo de Rafa Lopes, recuperando ainda o castigado Gonçalo Cardoso.

Perante a proximidade dos lugares de descida, os axadrezados entraram na partida com a corda toda. Pressionaram alto, ganharam praticamente todos os duelos e circularam a bola de um lado ao outro. E ameaçaram o golo em duas situações. Rafael Lopes ficou a centímetros de assinar um golaço e, pouco depois, Tormena por pouco não fez um autogolo na sequência de um cruzamento de Talocha.

Ficha e filme de jogo

No entanto, a partir do minuto vinte a estratégia e o estado anímico do Boavista, ruiu. Gonçalo Cardoso foi desarmado por Dener que de pronto isolou Wellington. Na cara de Helton, o extremo finalizou com classe e praticamente resolveu o jogo. O leitor deve-se questionar como é que um jogo pode ficar resolvido aos vinte minutos e com apenas um golo. A resposta é simples.

As bancadas do Bessa decidiram virar-se contra a equipa. Quando os jogadores de xadrez tentavam circular, pensar um pouco o jogo, eram imediatamente assobiados. Como tal, decidiram (de forma errada) fazer a vontade aos adeptos: despejar bolas na frente. Com três centrais de origem no quarteto defensivo - Rúben, Jadson e Lucas -, o Portimonense controlou as investidas contrárias.

Ao acompanhar o Boavista-Portimonense era impossível não lembrar Carlos Peucelle, antigo jogador e treinador argentino. Certo dia, há muitos anos atrás, o argentino disse a um jogador seu que a bola com a qual jogavam era feita de pele de vaca. Perante a reação de quem o ouvia, Peucelle perguntou de forma retórica de que gostavam as vacas. De pasto, atirou. Portanto, queria a bola no pasto, ou seja, no chão. Como não há nenhum Peucelle no Bessa, entendem-se os sucessivos pontapés longos do Boavista à procura de André Claro, Rafael Lopes e, mais tarde, Falcone.

Na única jogada que fez pelo chão, a pantera criou a melhor oportunidade em todo o jogo por André Claro. Mas, lá está, esse lance foi uma excepção.

Alheio ao desnorte boavisteiro, o Portimonense aproveitou para colocar em prática a ideia romântica que tem. Começou a circular ora pelo corredor central, ora pelo corredor lateral e assim foi criando perigo junto da baliza de Helton. Tabata e Dener ameaçaram o 2-0 perante a impaciência das hostes do Boavista.

A história da primeira parte repetiu-se na segunda. O Boavista entrou melhor, assinou um par de lances perigosos na área contrária, mas rapidamente o ímpeto foi anulado pela competência algarvia. Jackson perdoou por duas vezes e Wellington provou que a tarde era dele.

À entrada para o quarto de hora final, Lucas Fernandes lançou Wellington que voltou a ser mortífero na cara de Helton. Foi a estocada final tardou, mas chegou bem a tempo de carimbar o triunfo do Portimonense.

Ganhou quem colocou a bola no pasto.