Uma daquelas vitórias que pode valer um título. Marquem estas palavras. O Benfica venceu no Estádio do Bessa ao cair do pano, provavelmente sem o merecer, num jogo em que não foi verdadeiramente superior ao Boavista. Mas os campeões também vivem de momentos como este.

O remate salvador de Jonas, já em período de descontos, fez lembrar por exemplo um ensaio providencial de Renato Sanches em Guimarães, outro palco dificílimo, onde pairou o espectro da perda de pontos.

Foi assim um Benfica com estrela e fé em Jonas, moralizado pela chamada à seleção brasileira. O líder da corrida à Bota de Ouro europeia desesperava por uma oportunidade e agarrou a coroa encarnada no último suspiro, para desespero de um Boavista que justificava algo mais.

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A história do jogo demonstra que o desfecho não era completamente previsível. Sobretudo pela obra de Rúben Ribeiro. O criativo do Boavista conseguiu enervar vários adversários ao longo do encontro, sobretudo após um lance a caminho do intervalo em que deu vários toques com o braço em Renato Sanches.

Logo depois, seria Eliseu a ter uma entrada muito dura sobre o mesmo Rúben Ribeiro e a ficar no limite entre o cartão amarelo e o vermelho.

Foi o final truculento de uma primeira parte interessante, com o Boavista a jogar futebol de igual para igual com um Benfica abaixo das suas reais capacidades.

O mérito começa em Erwin Sánchez, que colocou esta formação axadrezada a acreditar mais num jogo positivo. Após a vitória importante na Madeira, frente ao Marítimo (0-3) – que permitiu a fuga à zona de despromoção – o treinador boliviano manteve a estrutura e pediu à Pantera para encarar a Águia olhos nos olhos.

Phillipe Sampaio e Mário Martínez substituíram os castigados Henrique e Anderson Carvalho, com Zé Manuel a manter-se como uma referência incómoda no centro do ataque. Dono de uma velocidade impressionante, o extremo conseguiu arrancar um cartão amarelo ao nono minuto de jogo.

Samaris foi a solução encontrada por Rui Vitória perante a razia no centro da defesa. Luisão e Jardel estão lesionados, Lisandro López ainda não tem ritmo. Com o recuo do grego, surgiu André Almeida ao lado de Renato Sanches a meio-campo. Salvio e Raúl Jiménez tentaram fazer esquecer Gaitán e Mitroglou. Demasiadas mudanças.

Durante largo período, o Benfica apostou preferencialmente no seu flanco direito – com Nélson Semedo a destacar-se mais que Salvio – e em vários livres conquistados nessa zona do relvado. Seria um desses lances, por exemplo, a abrir caminho para uma vistosa bicicleta de Raúl Jiménez, para defesa de Mika.

As melhores oportunidades pertenceram à formação encarnada mas em número reduzido para o que costuma ser a produção habitual da equipa de Rui Vitória. A ocasião mais flagrante, na etapa inicial, surgiu por intermédio de Pizzi, já após a meia-hora, com um remate ligeiramente ao lado.

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O Boavista defendia com enorme acerto – destaque para Paulo Vinícius e Afonso Figueiredo nesse particular – e tirava partido de lances rápidos perante um adversário sem coordenação no último reduto.

Antes do ensaio de Pizzi, Zé Manuel chegou ligeiramente atrasado a um passe de Mário Martínez. Logo depois, Ederson teve de sair dos postes para tirar a bola nos pés de Renato Santos.

Seria o extremo do Boavista a ficar muito perto do golo, logo após o intervalo, num remate cruzado que ainda levou a bola a desviar em Lindelof. O tempo não corria a favor do Benfica perante um adversário a rubricar exibição de grande nível.

Rui Vitória sentia a oportunidade a fugir e trocava precocemente Salvio por Mehdi Carcela. Já após a hora de jogo, Pizzi viu outro bom ensaio ser anulado pelo gigante Paulo Vinícius.

O Boavista quebrava fisicamente mas Rúben Ribeiro continuava a ter apontamentos de classe e Luisinho garantia nova vitalidade nas transições ofensivas. O extremo, porém, desperdiçou uma oportunidade excelente ao minuto 75, em grande posição na área, atirando por cima.

A formação encarnada aumentava a pressão sobre o último reduto axadrezado, Talisca substituía Nélson Semedo – com recuo de André Almeida – e Rui Vitória arriscava até Luka Jovic, o jovem ponta-de-lança. O tempo escasseava.

Num final de partida verdadeiramente alucinante, Rúben Ribeiro sentou Eliseu mas atirou para a bancada. E já em tempo de descontos, quando o empate se parecia ajustar ao que se passou no relvado, a bola surgiu no lado esquerdo da área do Boavista e Jonas assumiu o papel de rei, batendo Mika. Verdadeiramente incrível.