O Tondela viu o céu negro tornar-se azul esta segunda-feira, com uma recarga de Yohan Tavares que permitiu à equipa de Natxo González bater o Sp. Braga, somar a terceira vitória em casa e ficar a apenas um ponto, que pode nem ser preciso, de garantir nova permanência no primeiro escalão. A equipa do João Cardoso conseguiu anular os minhotos em boa parte do jogo e chegou ao valioso golo num lance de bola parada. Um desaire que, por outro lado, pode ter hipotecado definitivamente a ambição da equipa de Artur Jorge em chegar ao terceiro lugar.

Duas equipas em campo com o objetivo de somar três pontos, mas por necessidades diferentes, a olhar para lados opostos da classificação. O Tondela a olhar para baixo e a precisar de vencer para tirar proveito da derrota do Portimonense e, assim, chegar à última jornada com possibilidades claras de renovar a continuidade no escalão principal. O Sp. Braga a olhar para cima, já depois de ter garantido o quarto lugar, a pensar no pódio, tendo em conta que o Sporting, na última jornada, ainda vai ao Estádio da Luz.

Ambições fortes que não se traduziram propriamente no relvado, com duas equipas mais contraídas na defesa, do que propriamente soltas para chegar à vantagem. O Tondela com o trauma acrescido por, até esta segunda-feira, ter somado apenas dois triunfos em casa. O primeiro frente ao Sporting, ainda na primeira volta. A segunda, mais recente, diante do Aves. Natxo González montou, assim, uma equipa de combate, para defender com unhas e dentes, mas também com ferramentas para se desdobrar na frente e procurar um golo.

O Sp. Braga, por seu lado, apresentou algumas mudanças na defesa, com destaque para a titularidade de Bruno Wilson no lugar de Bruno Viana, mas de resto Artur Jorge elegeu os melhores para atacar a baliza de Babacar. Os minhotos assumiram desde cedo o controlo do jogo, fazendo a bola rodar de uma ala a outra, à procura de uma brecha para lançar Paulinho ou Rui Fonte, com os laterais, Esgaio e Pedro Amador, muito adiantados a conseguirem facilmente profundidade nas alas.

Um Braga paciente e um Tondela entrincheirado, a procurar sair do buraco e explorar os espaços cedidos pelos minhotos. Mas a verdade é que sempre que o Tondela subia no terreno, quase sempre em lances de bola parada, proporcionava transições rápidas ao Braga que era bem mais rápido, quando recuperava a bola.

As primeiras oportunidades até foram para a equipa da casa, sempre de bola parada, primeiro com Philipe Sampaio a cabecear na área, depois num livre direto de Pepelu que levou a bola a contornar a barreira e a passar perto do poste. Mas era, de facto, o Braga que conduzia o jogo e, ao fim dos primeiros vinte minutos, obrigava o Tondela a recuar em toda a linha.

Paulinho teve uma primeira oportunidade, mas foi Ricardo Horta que esteve mais perto de abrir o marcador, depois de roubar uma bola a Pepelu e rematar forte à entrada da área, mas com a bola a bater com estrondo no poste. Já perto do intervalo, os minhotos desenharam o melhor lance da primeira parte, com André Horta a lançar o irmão e este a cruzar para o segundo poste onde Trincão amorteceu de cabeça. A bola ia ficar à mercê da finalização de Rui Fonte, mas Philipe Sampaio recuperou a tempo de cortar o lance.

Lances que expunham todas as fragilidades do Tondela e Natxo González procurou corrigir essas lacunas com duas alterações para a segunda parte, com as entradas de João Pedro e Richard. O Tondela procurou apresentar-se mais adiantado no campo, procurou ter mais bola, mas voltou a recuar, pressionando pelo maior domínio do Sp. Braga que procurava chegar mais à frente com a entrada de Fransérgio.

O jogo seguiu entretido, até que, em mais um lance de bola parada, aos 74 minutos, o Tondela chegou ao golo que já tinha ensaiado na primeira parte. Mais um livre de Pepelu, impressionante elevação de Philipe Sampaio nas alturas, cabeçada, grande defesa de Matheus, mas, na recarga, Yohan Tavares atirou a contar. Um golo construído pelos centrais do Tondela que fez saltar o banco do Tondela por duas vezes no banco. Logo a seguir ao lance e, novamente, depois da confirmação do VAR.

A verdade é que ainda era cedo para comemorar, com quinze minutos pela frente e um Braga que, depois de chegar a parecer adormecido, voltava a despertar. Os minhotos carregaram com tudo e a pressão chegou a parecer insustentável, quando Filipe Ferreira viu um segundo amarelo e deixou a equipa reduzida a dez. O nervosismo era muito e Natxo González também recebeu ordem de expulsão do banco, mas não houve muito mais jogo, mesmo com sete minutos de compensação.

O Tondela, com mais ou menos arte, conseguiu segurar a preciosa vantagem até final e acabou o jogo em festa. Com mais três pontos do que o Portimonense e do que o V. Setúbal, a equipa de Natxo González depende, agora, apenas de si própria para garantir a continuidade no primeiro escalão. O Sp. Braga, por seu lado, pode ver a ambição de chegar ao terceiro lugar esfumar-se definitivamente caso o Sporting vença, esta terça-feira, o V. Setúbal.