Um homem diferente. Para Tiago Silva, o futebol não é um lugar estranho. Em 45 minutos, o médio ofensivo revolucionou o futebol do Feirense, apontou o livre que deu origem ao único golo da sua equipa e encheu o campo com criatividade e boas ideias.

Só não foi absolutamente decisivo porque o guarda-redes Vaná, um dos melhores em campo, falhou a saída a um cruzamento perto do fim e Fábio Pacheco fez o empate final.  

Pode, um só jogador, alterar dramaticamente o decorrer de um jogo? Quem esteve em Santa Maria da Feira e viu o Vitória de Setúbal a dar um ensaio de estilo no primeiro tempo, com o Feirense a defender muito e a jogar pouco, só pode responder ‘sim’.

FICHA DE JOGO DO FEIRENSE-V. SETÚBAL

Tiago segurou a bola, uniu o meio campo ao ataque, sofreu faltas, ofereceu metros à equipa. Depois, resolveu num lance de bola parada, devidamente finalizado pela cabeça de Ícaro. O Feirense cresceu, colocou-se em vantagem e ficou perto, muito perto do triunfo.

Um triunfo que, de resto, seria profundamente injusto. O Vitória reagiu mal à entrada de Tiago Silva, mas foi em largos períodos a equipa mais convincente.

José Couceiro criou uma excelente equipa, determinada na convicção de jogar bom futebol. Tudo muito apoiado, movimentações pensadas, toque curto e junto à relva, o oposto daquilo que foi o Feirense de José Mota no primeiro tempo.

DESTAQUES DO JOGO: Tiago Silva, revolucionário

Com três médios muito iguais – batalhadores, cumpridores, apenas certinhos -, o futebol do Feirense viveu de passes longos, duelos físicos ganhos e muita concentração. Para uma equipa que estava a jogar em casa, pedia-se mais e foi esse suplemento de qualidade que Tiago Silva foi capaz de trazer ao jogo.

O que Tiago deu ao Feirense nivelou a partida, mas o Vitória acaba com mais remates (14 contra 10) e mais posse de bola (54 contra 46). A perder, José Couceiro lançou Meyong e André Claro para a ofensiva final, acabando por ser justamente premiado.

O Vitória não é um produto acabado, mas é uma equipa atraente e que, mesmo num período difícil – não vence desde 28 de agosto -, mantém-se fiel aos seus princípios. É, enfim, uma equipa mais de atributos mais ricos do que o Feirense, uma unidade pragmática, sim senhor, mas rudimentar em alguns campos de análise.

O 1-1 final, resultado dos três primeiros duelos da ronda 8 da Liga, é perfeitamente aceitável, numa tarde de futebol competitivo e intenso. O pior acabou por ser a arbitragem de João Capela, trapalhona e incoerente.