Pois é, e quando muitos apontavam a possibilidade real do Benfica sair de Aveiro como líder isolado à segunda jornada, eis que a enorme surpresa dá pelo nome de... Arouca.

Uma vénia, antes do mais então, ao comandante da Liga 15/16 ao fim da segunda ronda (o resultado do Académica-V. Setúbal desta segunda nunca poderá retirar esse estatuto à equipa de Lito Vidigal).
 
O Benfica perdeu oportunidade de ouro para aproveitar os deslizes da véspera de FC Porto e Sporting e, em vez de ganhar dois pontos aos diretos rivais na corrida ao título, acabou por... perder um! 
 
Depois dos empates dos dragões na Madeira e dos leões com o Paços, esta derrota do Benfica com o Arouca, em Aveiro, voltou a provar que as notícias sobre um campeonato «dos grandes», com diferenças abissais entre os três mais fortes e os outros, eram manifestamente exageradas.

Segunda jornada sem uma única vitória de um grande, quem diria?
 
Entrar a tremer

O Benfica entrou no jogo a… tremer como varas verdes. Muito bem a explorar as fragilidades da defensiva encarnada, o Arouca aproveitou para fazer o 1-0 ao terceiro minuto: passe magistral de David Simão, a abrir brecha na linha recuada do Benfica, lançando Roberto, que rápido na desmarcação e em posição legal, faz o golo.
 
Entrada com surpresa do tamanho do estádio de Aveiro: Arouca na frente, Benfica em bloqueio puro, sem conseguir reagir.
 
Demorou a recompor-se a equipa de Rui Vitória: os 10/15 minutos seguintes ao golo de Roberto foram de nervosismo, sobretudo na zona mais recuada.
 
O Arouca, nessa fase, esteve mais perto do 2-0 do que o Benfica sequer chegar perto de tentar o empate.
 
Roberto teve o bis nos pés, após falha de Eliseu, que permite o passe de Nuno Valente para o ponta de lança do Arouca. Valeu defesa cirúrgica de Júlio César, com os pés.

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A partir dos 20/25, o Benfica começou finalmente a conseguir construir lances ofensivos com algum perigo, mas ainda sem estar confortável no jogo.
 
Jonas demorou a encontrar o melhor entendimento com Mitroglou. Nélson Semedo, que no golo sofrido acusara problema de posicionamento defensivo, aparecia com intenção a dar fôlego ao corredor direito (mais até do que Ola John).
 
Mitroglou crescia no jogo e começou a atirar ao alvo, obrigando Bracalli a redobrada atenção. Pizzi, talvez o melhor do Benfica na primeira parte, assinou dois remates perigosos, ambos travados de forma corajosa pelo guarda-redes do Arouca.
 
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A agulha parecia estar a virar para o Benfica, mas a verdade é que o intervalo chegou com 1-0 para o conjunto de Lito Vidigal, prémio para a bela primeira parte feita pela equipa teoricamente «da casa».
 
Vítor Andrade deu novo fôlego
 
Rui Vitória tirou um Ola John que não teve arte nem sangue frio para faturar grande oportunidade que teve para fazer o 1-1 e lançou o jovem Vítor Andrade para a metade complementar.
 
Mas o Arouca reapareceu sólido, sem se atemorizar. O Benfica procurava a reviravolta, só que não estava fácil: o perigo só se aproximava da baliza de Bracalli em remates de meia distância de Jonas e Vítor Andrade (boa entrada em jogo) e pouco mais, com o guarda-redes brasileiro a dar boa conta do recado.
 
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O Arouca, como era de esperar, foi-se fechando cada vez mais, na tentativa de segurar o 1-0, mas ainda ensaiou saída perigosa, aos 66, a obrigar Júlio César a mais uma defesa de risco.
 
A pressão do Benfica intensificava-se: Vítor Andrade, perigosíssimo, fez quase o 1-1; Gaitán, aos 68, rematou a rasar o poste.
 
Até que Rui Vitória sacrifica Eliseu (não esteve bem), lançando Carcela. O marroquino atuou como falso lateral-esquerdo, com Lisandro a compensar nas incursões ofensivas do ex-St. Liège.
 
E, mais tarde, a 12 dos 90, o técnico do Benfica mete mesmo toda a carne no assador, lançando Raul Jimenez, para a saída de Samaris.
 
Tudo por tudo

Do lado arouquense, Lito já havia tirado o seu ponta de lança, Roberto, para colocar Dabó.
 
Estava visto: os últimos minutos do jogo iam ser de Arouca a aguentar, Benfica a arriscar o que tivesse para arriscar.
 
Os encarnados terminaram o jogo com cinco unidades claramente ofensivas (Jonas, Mitroglou, Jimenez, Gaitan, Vítor Andrade) e ainda Carcela, a falso lateral esquerdo e só Pizzi na zona de contenção do meio-campo.

Mas faltou discernimento do lado encarnado para chegar pelo menos ao empate. Jimenez ainda está muito desfasado do resto da equipa, Mitroglou teve noite para esquecer.

O Arouca aguentou, estóico, organizado, sem precipitações.

Festeja, com mérito, o estatuto de líder isolado: seis pontos em dois jogos, vitória em Moreira de Cónegos e triunfo em campo neutro sobre o Benfica. É de se tirar o chapéu a Lito Vidigal, sem dúvida.

No último lance, Jonas mete a bola dentro da baliza, mas Nuno Almeida já tinha apitado falta de Lisandro (jogo perigoso, pé alto, decisão aceitável). 

O Benfica tentou, tentou, podia ter chegado pelo menos ao 1-1, mas falta, de facto, ainda muita coisa a esta águia de Rui Vitória: é preciso mais intensidade, processos mais mecanizados e maior acutilância no momento de finalizar.