O Famalicão continua líder e continua sensacional depois desta noite ter imposto uma reviravolta em Alvalade, numa exibição em crescendo até ao autogolo de Coates mesmo no final do jogo. Tudo acontece a este Sporting que até tinha entrado bem no jogo e ganho vantagem com um golaço de Vietto. A verdade é que os leões duraram enquanto houve Battaglia que voltou a ser titular depois de onze meses sem competir. Quando o argentino rebentou, foi a vez dos homens de João Pedro Sousa darem espetáculo para desespero das bancadas que acabaram a pedir a demissão de Frederico Varandas.

Confira a FICHA DO JOGO

Começamos pelo final do jogo. Diogo Gonçalves arranca pelo corredor direito, cruza tenso, Coates estica-se na tentativa de cortar o lance e faz autogolo. O mesmo central que já tinha marcado na própria baliza em Eindhoven e que, duas semanas antes tinha cometido três grandes penalidades frente ao Rio Ave. Um final de jogo difícil de adivinhar para quem assistiu à primeira parte do jogo, mas a verdade é que o Famalicão, depois de uma entrada difícil, foi mais forte do que os leões e, além de recuperar o primeiro lugar, já tem o dobro dos pontos da equipa de Alvalade.

Voltamos agora ao início. Leonel Pontes procurou montar uma equipa solidária, repleta de apoios, formados aos pares. Battaglia, mais fixo, contou com o apoio de Doumbia, mais solto. Wendel deu apoio direto a Vietto na zona central, enquanto, nas alas, Rosier/Bolasie e Acuña/Miguel Luís formavam os restantes pares para o baile desta noite. Uma equipa que conseguia pressionar alto e que conseguia profundidade, abrindo o jogo a toda a largura no campo, explorando muito bem o adiantamento dos laterais contrários.

O Famalicão entrou em campo com a linha defensiva demasiado adiantada e passou por extremas dificuldades para encontrar um ponto de equilíbrio, com Wendel e Vietto a recuperem muitas bolas entre linhas. A verdade é que os visitantes acabaram por ceder à pressão inicial dos leões e acabaram por recuar, cedendo mais campo ao Sporting. Foi já nesse contexto que Miguel Luís teve nos pés a primeira oportunidade, recebendo uma bola na área e picando-a por cima de Defendi. Com os adeptos de pé, a bola passou ao lado.

O Famalicão respondeu logo a seguir com uma bomba de Fábio Martins. Renan defendeu para a frente e Toni Martinez, com tudo para fazer golo, permitiu nova intervenção de Renan. O jogo estava aberto, mas com um claro ascendente do Sporting que mantinha a pressão alta e obrigava o Famalicão a cometer muito erros na zona de construção. Vietto já tinha ameaçado uma vez e, à segunda, não perdoou. Mais um mau passe a defesa do Fama, o argentino intercetou, entrou na área e disparou fortíssimo para o angulo e levantou as bancadas.

O Sporting estava bem, trocava bem a bola, encontrava espaços e até podia ter aumentado a vantagem até ao intervalo. O Famalicão demorou a equilibrar-se, mas ainda mostrou-se no final da primeira parte, com duas oportunidades que deveriam ter posto o Sporting em sentido.

A segunda parte foi completamente diferente. A consistência que os leões tinham apresentado na primeira parte começou a desmoronar-se quando Battaglia começou a perder fôlego e o leão nunca mais conseguiu controlar o jogo. A segunda parte começou com um jogo totalmente aberto.

O Famalicão quase que marcou logo a abrir, depois de um erro crasso de Mathieu. O Sporting procurou responder em velocidade, subiu em bloco, mas acabou surpreendido. Transição rápida conduzida por Fábio Martins que abriu em Gustavo Assunção. Com a defesa leonina a recuperar, o médio encontrou Lameiras à entrada da área e o avançado, rodeado por três adversários, rematou à meia volta para o empate.

O Sporting começou a morrer aqui. Logo a seguir, Leonel Pontes chama Jovane Cabral para substituir…Vietto. De imediato ouviu-se um enorme coro de assobios das bancadas e, mesmo em campo, muitos jogadores manifestavam-se surpreendidos com a opção do treinador. Os assobios prolongaram-se por vários minutos, com o Sporting perdido em campo e o Famalicão a carregar por todos os lados.

Os leões perderam o equilíbrio, quebraram animicamente, diante de um adversário que carregava sem misericórdia. Lionn esteve perto de marcar, por duas vezes, Toni Martinez também podia ter assinado a reviravolta. Leonel Pontes ainda procurou equilibrar a equipa, lançando Jesé para o lugar do esgotado Battaglia, mas o Famalicão já estava com a corda toda e o jogo só tinha um sentido. Só tinha um sentido e só podia ter um desfecho.

Foi outra vez o infeliz Coates a dar a cara por uma exibição que compromete toda a equipa que teve o jogo na mão e deixou escapar tudo.