Recém-saído de vitórias minimalistas – Dortmund e Braga - em dois jogos que venceu com outros tantos remates à baliza, o Benfica foi obrigado a ser bem menos avarento para segurar a liderança na Liga. Mérito para um excelente Desp. Chaves que, em palco grande, confirmou tudo o que de bom vinha há meses sendo dito a seu favor, mesmo perdendo por 3-1.

A equipa de Rui Vitória voltou a contar com a vitamina M – Mitroglou bisou, somando sete golos nos últimos cinco jogos – mas não pôde ficar-se por aí. Depois de uma primeira parte empatada, em que o seu adversário fez, no mínimo, jogo igual, foi um segundo tempo bem mais convincente - a que não foi estranho o regresso de Jonas - a garantir que o primeiro lugar se mantém na Luz, haja o que houver no dérbi portuense.

Como habitualmente, com equipas que não abdicam de pressionar na frente – e o Chaves fê-lo logo com os dois homens mais adiantados, Braga e William – o Benfica sentiu dificuldades para impor o seu jogo e para acautelar as transições defensivas durante os primeiros vinte minutos. Nesse período, as diagonais de Perdigão e Fábio Martins e os lançamentos de Braga e Pedro Tiba, deixaram vários avisos, que a atenção de Ederson e a confiança de Luisão foram atenuando.

Em termos ofensivos, o Benfica - que mantinha Rafa no eixo, ao lado de Mitroglou, deixando Jonas para mais tarde - sentia dificuldade para entrar pelo meio, devido ao bom trabalho de Bressan e Tiba, e pela esquerda, onde Zivkovic não conseguia ligar com Eliseu. Sobrava a direita, onde o excelente Nélson Semedo jogava por ele e por Salvio, mexido mas algo confuso na tomada de decisão.

Foi precisamente o lateral direito a desencantar o cruzamento que, aos 18 minutos, permitiu desbloquear o jogo: Mitroglou surgiu a cabecear de forma suspeitosamente solitária na área, depois de um duelo de braços com Massaia, que ficou no chão a reclamar falta.

Outra equipa menos personalizada teria acusado o golpe, mas o Desp. Chaves aceitou o desafio de continuar a jogar olhos nos olhos. E, mesmo perdendo um pouco de frescura, continuou a aproveitar os espaços e a lentidão de Samaris para desenhar alguns contra-ataques muito inteligentes. Perto do intervalo, Bressan deixou um primeiro aviso (42 minutos) para, dois minutos mais tarde, bater o regressado Ederson com um golaço da meia lua, bem servido por Perdigão. Ninguém poderia dizer que o golo flaviense era inesperado – nem que o empate ao intervalo era injusto.

SuperNélson outra vez e o regresso de Jonas

O recomeço sugeriu que o jogo ia manter-se em bases semelhantes e que o Benfica iria ser obrigado a um esforço suplementar para segurar o comando. Mas, logo depois de Ederson ter sido providencial, anulando uma ocasião clara de Fábio Martins (49 minutos), o Benfica voltou a desbloquear o resultado.

Foi o suspeito do costume, Nélson Semedo, a encontrar a brecha, e a fazer a segunda assistência da noite. Desta vez, para variar, o finalizador não foi Mitroglou, que não conseguiu chegar ao cruzamento rasteiro, mas sim Rafa, que vindo da esquerda apontou o seu segundo golo na Liga.

Começava aí a melhor fase do Benfica, tanto mais que Rui Vitória aproveitava para malhar em ferro quente, lançando Jonas e passando o moralizado Rafa para a esquerda, onde a sua velocidade poderia dar mais frutos, A juntar a isto, a passagem de Zivkovic para a direita permitiu-lhe aparecer mais no jogo e ajudar à sensação de que o Chaves estava perto do KO.

Ainda assim, a equipa de Ricardo Soares resistiu à pressão adversária, com umas ocasiões perdidas pelo meio, e voltou a dar um sinal de personalidade, embalando para 10 minutos finais de qualidade: Ederson fez a defesa da noite (82 minutos), a remate do excelente Pedro Tiba, e pouco depois a bola chegou a entrar na baliza encarnada, num lance bem invalidado por fora de jogo de Massaia. E foi já com o adversário atirado para a frente, e desequilibrado, que Mitroglou fechou o jogo, aproveitando uma bola longa desviada por Jonas, e um corte falhado de Massaia, decididamente a perder em toda a linha nos duelos físicos com o grego. O 3-1 acabava com as duvidas e tornava-se, talvez, demasiado pesado para o que o Chaves conseguiu fazer na Luz, embora o segundo tempo encarnado tenha tornado a vitória num desfecho praticamente inevitável.

Independentemente do benefício da dúvida no lance do primeiro golo do Benfica – nenhuma repetição foi conclusiva sobre a ação de Mitroglou no duelo de braços que provoca a queda de Massaia - Nuno Almeida fez arbitragem deficiente, decidindo muitas vezes por omissão, como nos cartões perdoados a Fábio Martins (6 min), Samaris (53) e Braga (54).