O FC Porto foi surpreendido em casa pelo Gil Vicente ao empatar a uma bola e não conseguiu aproveitar o empate do Sporting na Madeira. Os galos ficaram em inferioridade numérica logo aos dois minutos, mas até se adiantaram no marcador e aguentaram a pressão final dos portistas.

Privado dos castigados Matheus Uribe e Marko Grujic e sem o lesionado Bruno Costa, Sérgio Conceição foi obrigado a mexer no meio-campo e promoveu a estreia a titular de Stephen Eustáquio. João Mário também voltou à lateral direita e Fábio Cardoso ocupou a vaga de Pepe, ainda a contas com o castigo devido aos incidentes do clássico.

Ricardo Soares apostou no seu esquema habitual e até já pôde contar com Fran Navarro, que na última jornada tinha visto os concorrentes de posição fazerem o gosto ao pé.

O Gil Vicente, que sonha com a zona europeia, mostrou estar com os pés bem assentes na terra.

Mas que Galo!

A expulsão de Vitor Carvalho (clara, diga-se) aos dois minutos de jogo fazia prever que a tarefa dos portistas estava facilitada. E os minutos que se seguiram até intensificaram essa ideia, mas foi mera ilusão.

No primeiro tempo, este Dragão nunca voou e foi mesmo chamado à terra pelos galos. O FC Porto rondou a baliza de Andrew, mas quando o Gil se arrumou com 10 unidades não mais os azuis e brancos conseguiram perigo.

Cientes das dificuldades por estar em inferioridade, os gilistas só saíam para o ataque de forma segura. Com jogo apoiado e boas combinações entre os jogadores - como vem sendo apanágio dos gilistas nesta temporada – a turma de Ricardo Soares ainda ousou chegar ao último terço portista, com Kanya Fujimoto e Samuel Lino a inverterem os pés na tentativa do golo. Primeiro, o nipónico rematou com o pé direito e, depois, foi o brasileiro a disparar com a bota esquerda, após driblar João Mário.

Os galos estavam intransponíveis e nem foi preciso montar o autocarro.

Notava-se impaciência no Dragão e Sérgio Conceição não perdeu tempo. A estreia a titular de Eustáquio durou meia hora e o treinador dos portistas lançou Galeno para aumentar o poder de fogo no ataque. Mas nem assim o Dragão tinha chama.

No segundo tempo, a faceta do dono da casa era outra e a busca pelo golo tornou-se muito mais incisiva. Pepê atirou ao poste, Taremi levou as mãos à cabeça após uma perdida flagrante e Galeno também ameaçou.

Mas o Galo, no último terço, está confortável no seu poleiro.

Lino arrancou e deixou para Fran Navarro confirmar a veia de goleador. O espanhol trocou as voltas a Fábio Cardoso com um túnel e, na cara do guardião portista, foi só empurrar para o fundo das redes. Um golo muito festejado pelos gilistas e não é motivo para menos: Navarro tornou-se no melhor marcador do Gil Vicente numa edição da Liga, com 13 golos, ultrapassando Ferreira, que em 2003/04 marcou em 12 ocasiões.

O Dragão sentiu-se melindrado e não perdeu tempo com a resposta.

A ofensiva portista carregava e conseguiu derrubar a muralha gilista. Otávio colocou na área e os homens-golo do FC Porto trataram do resto. Taremi cabeceou para o lado e apareceu o parceiro de ataque Evanilson a confirmar a igualdade em cima da linha de golo.

Os azuis e brancos marcaram, mas Conceição continuava insatisfeito e decidiu voltar a mexer. Galeno também esteve apenas cerca de meia hora em campo e Fábio Vieira foi a jogo na tentativa de «tirar um coelho da cartola» com a veia de artista que se lhe conhece.

A partir de então, viu-se um Dragão a arrancar voo e colecionar oportunidades para marcar o golo que valesse o triunfo e o reforço da liderança. Taremi desperdiçou de novo e Toni Martínez quase voltou a ser herói no Estádio do Dragão, não fosse a barra a negar-lhe o golo.

O Gil conseguiu aguentar o sufoco causado pelo bafo intenso do Dragão e confirmou que, além de sensação, já é uma certeza e merece a posição que ocupa.

O FC Porto, talvez incomodado pela quinta-feira europeia em Roma e o clássico marcado para meio da semana, desperdiçou uma oportunidade clamorosa de colocar uma mão no título e ficar com oito pontos de vantagem sobre o Sporting.