Nem as probabilidades, nem o histórico em casa pareciam jogar a favor do Tondela à entrada do jogo com o Benfica e a pressão de jogar com um grande até começou por fazer-se sentir nos instantes iniciais.

Foi um Benfica destemido o que entrou em campo, incisivo nas entradas, quase sempre pelo flanco direito. Pizzi criou mossa logo aos 2 minutos, com um remate forte que Cláudio Ramos travou com dificuldade.

Benfica com dificuldades em furar entre linhas

Corrigidas as posições e ultrapassado o fulgor inicial, o jogo ganhou uma nova face.

Natxo González montou uma equipa mais defensiva, assente numa espécie de 5x4x1, um 5x2x3 em posse, mas pela primeira vez com três centrais. Ao habitual 4x4x2 do Benfica juntaram-se nomes de peso, que haviam ficado de fora no jogo anterior, tais como André Almeida e Pizzi. Taarabt também foi a jogo, fazendo as vezes do lesionado Rafa na frente.

Apesar do habitual pendor ofensivo, o Benfica nunca foi verdadeiramente capaz de furar a muralha montada pela equipa beirã. Duas linhas coesas montaram quase uma fortaleza em torno da baliza de Cláudio Ramos e só de meia distâncias as águias conseguiam criar algum calafrio, mas sem grande eficácia.

O Tondela chamava a águia para depois desferir-lhe golpes na asa, foi assim praticamente durante toda a primeira parte. Um Tondela pragmático frente a um Benfica ansioso por fazer melhor figura do que nos últimos encontros.

Benfica em quantidade, Tondela em perigo

O Benfica tentava furar mas mostrava-se ineficaz nos últimos 30 metros. Enquanto isso, o Tondela aproveitava os espaços concedidos pelos encarnados para levar perigo. E que perigo!

Denilson e António Xavier, em dois lances praticamente seguidos, fizeram Vlachodimos ganhar protagonismo ao evitar dois golos quase feitos, com duas enormes intervenções. O Benfica rematava mais do que os beirões, enquanto que a equipa da casa criava menos mas melhor.

O Benfica tremeu. Mas tudo mudou. Foi preciso cabeça.

De um canto cobrado por Grimaldo na esquerda, Ferro apareceu solto de marcação e quase nem precisou de saltar para cabecear, colocando muito bem a bola no canto da baliza do Tondela.

Aos 19 minutos, o Benfica passava para a frente do marcador, sem ter feito muito por isso, é certo, mas a saber penalizar o erro de marcação dos beirões naquela bola parada.

O Tondela acusou o toque e, na jogada imediatamente a seguir, foi por centímetros que Denilson não repôs a igualdade.

Ao intervalo, a águia levava vantagem, mas eram muitas as dúvidas no ar.

Benfica mais pressionante, mas com pouca fome

A reentrada em campo trouxe um Benfica bastante mais pressionante, negando qualquer tentativa de ataque ao Tondela, mas do outro lado não era capaz de fazer melhor.

Lage trocou Taarabt por Chiquinho, regressado de uma paragem longa por lesão, e o Benfica ganhou mais equilíbrio no miolo, antevendo, porventura, uma estratégia de maior risco por parte dos anfitriões.

Se ganhou em equilíbrio, perdeu em assertividade. Dizer que o Benfica não efetuou qualquer remate até aos 77 minutos é demasiado curto para expressar a exibição encarnada, mas foi de facto um Benfica com menos fome (embora mais consistente) o que disputou a segunda metade.

Foi apenas nos últimos dez minutos que o jogo abriu, o que de certa forma já era expectável face ao marcador. O Tondela atacou quase sempre com perigo, o que até então ainda não tinha feito, diga-se também. Bruno Lage apostou em Vinícius e adotou uma ideia também ela mais ofensiva, quem sabe com o intuito de marcar o tento que resolvesse a partida.

Certo é que o marcador não mexeu mais até ao final. Os encarnados foram algo cinzentos, mas saíram de Tondela com o objetivo principal cumprido, mantendo o registo cem por cento vitorioso fora de casa esta época, para o campeonato. Já o Tondela vendeu cara a derrota, mas continua sem conseguir vencer no Estádio João Cardoso esta época. 

FILME DO JOGO

Resultado melhor do que a exibição. O Benfica vence mas não convence de novo.