Héldon regressou à casa onde foi feliz nas últimas duas épocas para dar um triunfo crucial na visita do V. Guimarães ao reduto do Rio Ave. Um lance de génio, aos 39 minutos, desencravou um jogo até então muito a meio campo e abriu alas a uma história com desfecho incerto até final. Feliz para a equipa de Pedro Martins após um desaire europeu e que permite igualar os 17 pontos do adversário.

Com duas equipas em sistemas de jogo idênticos, mas propostas de jogo bem distintas, o Rio Ave tentou potenciar a posse de bola que lhe é reconhecida. Sempre a partir de Cássio. Do outro lado, um V. Guimarães à procura da velocidade habitual dos homens mais adiantados. Mas houve um problema no concretizar de ambas as filosofias: o tamanho povoamento a meio campo.

A forte presença mútua de homens no miolo custou alguns dos desígnios iniciais às equipas. Tallo acentou isso com um incansável apoio ao meio campo minhoto e o Rio Ave contribuiu com uma defesa bem subida, a tentar antecipar a surpresa. Resultado? Perdas de bola como denominador comum. E zero de ocasiões claras nos primeiros vinte minutos.

O passar do tempo assentou ideias numa noite fria em Vila do Conde. Houve mais ânimo a partir dos 25 minutos, altura em que Wakaso – rendeu o lesionado Pedrão em última hora - cortou um cruzamento com selo de golo de Bruno Teles para a área. O lance serviu de abre-latas a defesas até então sem grande sobressalto. E fomentou os dois estilos de jogo. Hurtado, servido por Tallo, desperdiçou perante Cássio no primeiro sério aviso dos minhotos.

OS DESTAQUES DE VILA DO CONDE

A resposta do Rio Ave foi pronta e da maneira que é reconhecida… ao Vitória. O contra-ataque. Rúben Ribeiro – a bola ganha brio naqueles pés (!) – deixou García para trás, viu Douglas negar e Barreto, na sobra, atirou ao ferro.

Perante a crescente posse de bola da casa, o Vitória resguardou-se e foi letal como bem sabe. Tallo lançou Héldon às feras e o cabo-verdiano tratou do resto. Arrancou para a área e, no momento certo, deixou Lionn e Marcelo pregados ao chão, antes de bater Cássio e não festejar perante a antiga casa: um gesto a merecer aplausos dos vilacondenses.

Os minhotos fizeram da eficácia a arma correta sem terem muita bola, traduzida nos 65 por cento de posse de bola rioavista ao intervalo.

FILME DO JOGO

A segunda parte mostrou um Rio Ave mais expedito no ataque, a obrigar o adversário à falta e a ceder vários pontapés de canto. A insistência até traria resultados aos 59 minutos, não fosse Douglas agarrar um cabeceamento de Tarantini, quando já se gritava o tento do empate nas bancadas.

O músculo de João Novais no último terço, a criatividade de Rúben Ribeiro e as entradas de Geraldes, Yazalde e Nuno Santos acentuavam uma pressão bem anulada pelo muro minhoto. Aqui, referência a Jubal e Wakaso: cortaram quase tudo o que era bola para a área.

Do outro lado, um suspeito habitual. Raphinha tentou sacudir a pressão e dar a estocada final no jogo aos 73 minutos: valeu a mancha de Cássio.

No último quarto de hora, o Vitória fechou a baliza a sete chaves. Uma muralha do meio campo para trás a suster a pressão dos vilacondenses e a garantir os três pontos aos conquistadores, num jogo que terminou com algumas quezílias e uma expulsão de um elemento técnico do banco dos vimaranenses. De nada valeram os 71 por cento de posse de bola ao Rio Ave.