O Tondela conseguiu um empate diante do Belenenses, com um golo a chegar nos últimos instantes. Depois de estar em vantagem por 2-0, perante um adversário que está no último posto, a equipa de Belém foi incapaz de segurar a vantagem, permitindo que o adversário acreditasse que podia conquistar, pelo menos um ponto. Foi o que aconteceu, num prémio à crença tondelense.

«Não podemos sofrer tantos golos.» Petit avisara antes da partida que a sua equipa precisa de encarar os jogos com maior concentração. Não o disse o técnico, mas acrescentamos nós: a este nível, o Tondela não pode entrar sempre a perder, sofrendo golos em fases precoces das partidas. Ainda menos, em casa.

Num filme já visto e revisto, viu-se a perder desde muito cedo. Pela sexta vez esta temporada, só contando com as partidas em que jogou na condição de vistitado, o conjunto beirão sofreu um golo ainda antes dos primeiros 15 minutos. Desta vez, o Belenenses aproveitou a primeira vez que se aproximou da baliza de Cláudio Ramos para inaugurar o marcador logo aos 10 minutos.

São vezes demais a ter que correr atrás do resultado, para a equipa do distrito de Viseu. E seria também deste género de situação que falava Petit na antevisão da partida, quando avisou que “os erros por desconcentração ou falhanço pagam-se caro”.

Ora, foi mesmo isso que aconteceu nesse lance, aos 10 minutos. Após um canto batido por Carlos Martins, nenhum defensor do Tondela conseguiu aliviar, no meio da confusão a bola sobrou para Gonçalo Silva, que fez a bola, caprichosamente, entrar na baliza de um desamparado Cláudio Ramos.

E até tinham sido os tondelenses a entrar melhor, colocando Ventura à prova por mais de uma vez nos primeiros minutos. Bruno Monteiro e Nathan, este duas vezes, estiveram perto de inaugurar o marcador, não fossem as boas intervenções do guardião belenense.

Só que depois, veio a tal desconcentração, e o golo sofrido. E a partir daí, o Belenenses, que chegava a esta partida moralizado pela vitória por 3-0 diante do Sp. Braga e com a tranquilidade de já praticamente ter arrumado a questão da permanência, passou a gerir a partida a seu bel-prazer.

Com uma circulação de bola lenta mas eficaz, o conjunto orientado por Júlio Velázquez foi controlando o ritmo da partida ainda que sem grande preocupação em chegar à baliza contrária. Isso resultou em 45 minutos de futebol pobre, uma vez que o Tondela não conseguia reagir.

A iniciativa dos tondelenses resumia-se a alguns lances em que Nathan (sempre ele) até trabalhava bem, mas, desacompanhado, não conseguia mais do que ir conquistando cantos.

E aí residiu mais um dos «pecados» da equipa da casa. É que apesar de ter disposto de quase uma dezena de cantos nos primeiros 45 minutos, não conseguiu criar perigo em nenhum.

Do lado belenense, destacava-se Sturgeon, que descaído para a direita, ia fazendo o que queria de Nuno Santos, ainda que os lances terminassem, invariavelmente sem chegar à baliza de Cláudio Ramos.

Repetimos a receita?

Apesar de ter mudado a equipa ao intervalo – Baldé entrou para o lugar do inexistente Murillo – Petit viu repetir-se história do primeiro tempo. Agora, com menos iniciativa da sua equipa, inclusivamente.

E se o Belenenses havia chegado ao golo ao décimo minuto da primeira parte, aumento a vantagem ao 11º da etapa complementar. Tudo simples: contra-ataque conduzido na esquerda por André Sousa, que coloca a bola na cabeça de Tiago Caeiro para este amortecer para a entrada fulgurante de Carlos Martins.

Desta feita, porém, a resposta dos homens de Petit foi mais assertiva e, aos 73 minutos, Nathan, na conversão de uma grande penalidade, marcou um golo que procurou muito durante a partida. O lance nasce de mais uma jogada de grande confusão na área belenense, com Cosme Machado a assinalar uma infração a André Sousa.

Crença em tons auri-verdes penaliza confiança azul

Após reduzir a desvantagem, o Tondela passou a acreditar mais que podia sair com pontos desta partida e lançou-se na procura do empate, mais com o coração do que com a cabeça. O Belnenses, por seu turno, aproveitou o balanceamento ofensivo do adversário e voltou a colocar à prova Cláudio Ramos, que se mostrou importantíssimo a segurar a esperança de um resultado positivo.

E estas intervenções mostrar-se-iam determinantes no desfecho da partida, uma vez que mantiveram a sua equipa na discussão do resultado, que só seria fechado já em tempo de compensação, quando o central Pica subiu mais alto que todos os adversários e cabeceou para o empate.

E este lance deu ainda mais força às palavras de Petit, uma vez que o Tondela voltou a conseguir ser eficiente a atacar, mas perdulário atrás.

No final, o resultado penaliza o Belenenses que terá mostrado confiança em demasia, perdendo a possibilidade de sair de Tondela com mais três pontos.